conto delicioso. esvaiu-se mais rápido que o saboroso chá preto:
(...) - Ah, não posso habituar-me demasiado ao conforto. Não é saudável. Tenho que descer e subir as escadas e sentir as mãos geladas de empurrar o portão ferrugento. Já nem range, de tanta ferrugem que tem. É irreparável e, ao mesmo tempo, é consolador. Há coisas que nos consolam porque são irreparáveis. Imagine que tudo se podia compor neste mundo. Que os dinossauros voltavam, que os judeus se levantavam das fossas onde foram empilhados como lixo. Será que tínhamos cara para os receber? O dó é necessário. A cólera é necessária. (...)
(algures num parque da cidade, e ouvido em tom de prazenteira indignação)
- já não se pode fotografar patos! o meu marido estava a fotografar a fémea e logo veio o pato-macho e não tivesse ele (marido) saltado para trás (o pato) tinha-o atacado...
possível moral da estória:
os patos de parques citadinos são fiéis, possessivos e ciumentos