Uma pessoa no salão. Uma escadaria para a cave, mesmo ali. Outra pessoa no terceiro degrau descendente das escadas, de grade de garrafas nas mãos. Uma garrafa solta que decide descer antes de todas as outras. A queda da garrafa acompanhada de ricochete intermitentemente imprevisível nos degraus. O estampido vidro-pedra a cada impacto. As duas pessoas congeladas, expectantes, apreensão pela previsibilidade da quebra. E um.... e dois... e três ricochetes... os degraus que não acabam... e quatro... a garrafa vai sobreviver... e cinco. O chão da cave, finalmente. A garrafa partiu o lábio-gargalo no último embate.
[Margarida Pinto, Apontamento (Álvaro de Campos)]
2 comentários:
como um vaso vazio.
(...)
Alastra a escadaria atapetada de estrelas.
Ao fundo um caco brilha entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
E os deuses olham-o por não saber por que ficou ali.
Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
(...)
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