março 08, 2008

Encontro Maya Angelou no cais ferroviário de Gaia

9h41 am: dou por mim de olhos semi-cerrados a tentar despertar para este sábado nublado, no meio do caos visual em que está neste momento a estação de Vila Nova de Gaia. plataforma 2, aguardando a chegada do embalo pendular. a Maya espreita-me com o seu sorriso acolhedor, da capa do livro que uma passageira aconchegava entre mãos, 2 metros ao meu lado. e aquelas palavras mágicas "I know why....". não se via todo o título mas não era preciso, porque é-me muito familiar.

I know why the caged bird sings! o primeiro de uma série de livros auto-biográficos desta grande senhora. se não se acredita, é lê-los (devorá-los!) todos. cada vida é uma vida, e certamente que o contexto da minha não é de todo comparável ao contexto século XX que maya angelou cruzou. mas a sua personalidade mágica, lutadora, enternecedora, revela-se a todos os desafios, incertezas, surpresas, alegrias e tristezas. é aí que está a força da história de maya angelou. o seu Humanismo. a maya deste primeiro livro é ainda uma criança prestes a tornar-se adolescente. mas não se menospreze o interesse deste período da sua vida. é a revelação de um potencial em bruto. uma descoberta partilhada entre maya-criança e o leitor.

agora hesito. terei lido o último dos últimos? tenho esse pendente? certamente este primeiro é um dos mais fortes, encantador, a ponto de nos levar, como todo o bom livro, para uma realidade bem longe desta rotina dos nossos dias e preocupações.

obrigada pelo nome da editora dessa linda capa (Virago Press, UK).

a minha edição é outra (Bantam, USA)

passou-me: a possibilidade de emprestar todos os outros que tenho comigo... mas é uma forte possibilidade.

deixo o poema provavelmente mais famoso de maya angelou aqui:


Still I Rise

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise.

Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
'Cause I walk like I've got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.

Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops.
Weakened by my soulful cries.

Does my haughtiness offend you?
Don't you take it awful hard
'Cause I laugh like I've got gold mines
Diggin' in my own back yard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.

Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I've got diamonds
At the meeting of my thighs?

Out of the huts of history's shame
I rise
Up from a past that's rooted in pain
I rise
I'm a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that's wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.

Maya Angelou [retirado daqui]

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