outubro 14, 2008

Virginia Woolf e Vanessa Bell

- a very close conspiracy -
de Jane Dunn, Virago Press ltd

uma dupla biografia, não cronológica, organizada pelos seguintes temas:
1. oneness
2. the chrysalis is broken
3. us two against them
4. death and freedom
5. marriage and betrayal
6. work is the real thing
7. husbands and sisters
8. sons and lovers
9. art versus life
10. the plunge into deep waters
11. debts repaid
[ka,out08]

esta leitura começou pelos bancos do aeroporto de gatwick, entrando pela madrugada dentro, na cumplicidade dos viajantes nocturnos que se deixam embalar com os ritmos das limpezas, dos seguranças, na noite em as férias foram dadas como terminadas. mas antes disso...

não sendo o género biográfico muito frequente nas minhas leituras, desencantei este livro na esperança de traçar, ainda que em cima do joelho, a rota que me levaria no encalço das marcas da existência de Virginia Woolf fora da grande metrópole. queria a imagem real da sua casa de campo e do rio, os lugares de acolhimento dos seus últimos anos (e dia) de vida. [a história da visita falhada não interessa aqui...]

ao longo das páginas da dupla biografia descobre-se a complexa, rica e interdependente relação que caracterizou a ligação das irmãs Vanessa e Virginia Stephens, a complementaridade das suas personalidades, o enquadramento na cultura das primeiras décadas do século XX, a riqueza do meio artístico da época numa rica luta de relevância entre intelectuais (escrita) e artistas (pintura), e sempre em fundo os valores da sociedade inglesa em mudança, e o peso da história familiar sempre tão marcada pelo espectro da perda pela morte.

o livro é indispensável para quem aprecia a escrita de Virginia Woolf.
a sua estrutura permite uma leitura não sequencial, temática.

ficam algumas notas citadas ao longo da dupla-biografia, dando um gostinho do que nele se pode encontrar:

carta de Virginia para Vanessa (1937):
"you cant think how i depend upon you, and when you're not there the colour goes out of my life, as water from a sponge; and I merely exist, dry and dusty. this is the exact truth: but not a very beautiful illustration of my complete adoration for you; and longing to sit, even saying nothing, and look at you"

Diário de Virginia Woolf... (1937)
'how do I mind death... there is a sense in which the end could be accepted calmly. that's odd, considering that few people are more immensely interested in life: & happy.'

Última entrada no Diário de Virginia, quando as memórias de infância voltavam a estar presentes, e pensando em Vanessa:
"to be one with the object one adored"
"how it would be if we could infuse souls"

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