ainda não desisti de valter hugo mãe, apesar da experiência desta noite.
(em voz off: who cares!?!?)
nome da peça: cratera, as crianças com segredos
autor: valter hugo mãe
encenação: Ana Luena
intérpretes: Carlos António, Pedro Mendonça e Sílvia Silva
produção: Teatro Bruto
local: Fundação Escultor José Rodrigues/Fábrica Social, Porto
até: 23 de Janeiro 2010.
não há muito a dizer. dos cerca de 55 minutos gostei da música original de Sérgio Martins e Rui Lima. o resto, trabalho difícil dos actores a partir da adaptação (ou) de um texto de Valter Hugo Mãe pouco sustentado, muito aquém da sinopse apresentada pelo autor, com meia dúzia de lugares comuns, pouco ritmo, limitado nas ideias. expectativas completamente defraudadas. ainda não desisti de encontrar VHM, mas não será por aqui...
sinopse de valter hugo mãe:
A mulher, como belo sexo, suporta também a condenação de o ser, suscitando os mais extremos desejos do homem, por vezes ao limite das coisas, ao limite da morte. O mundo persiste falocrático e a mulher prossegue como adorada e menosprezada ao mesmo tempo.
cratera, as crianças com segredos, propõe uma maneira mais difícil de ver uma mulher. Propõe que ela seja vista através de um homem, um actor que, nada disfarçando-se, é beatriz, a irmã de um estranho miguel que, na ausência dos pais, toma as rédeas da família que resta. miguel diz à irmã que os homens sempre olham para as mulheres como se estas estivessem nuas, e beatriz pensa que melhor seria se fosse também um homem para poder sair livremente à rua, sem perigo. Mas o perigo, aqui, vem de quem se espera cuidado, vem dessa louca e complexa componente do amor, a posse, que, degenerando, facilmente chega ao grotesco e ao desumano.
Esta mulher, que somos obrigados a ver através do corpo de um homem e, por isso, nos custa despir, é uma manifestação simples do desespero de se ser aprisionado por um desejo desequilibrado. É uma mulher no mundo de um homem, como se a existência, em si mesma, fosse domínio dos homens e a eles apenas devesse prestar contas.
Esta mulher, que somos obrigados a ver através do corpo de um homem e, por isso, nos custa despir, é uma manifestação simples do desespero de se ser aprisionado por um desejo desequilibrado. É uma mulher no mundo de um homem, como se a existência, em si mesma, fosse domínio dos homens e a eles apenas devesse prestar contas.
1 comentário:
ver mulheres através de homens é o que sempre se fez. nada de novo.
Enviar um comentário