o verão já partiu pela linha do horizonte. fica-nos a luminosidade de setembro, tons dourado muito esbatidos, sombras fortes e saudosas. cheiros de mar mais intensos com piados de gaivota reconquistam a costa, enquanto as mãos, em braços recobertos de algodão branco, reencontram nos bolsos pequenas pedras ou mensagens escritas perdidas.
não faço a despedida ao verão. eu nunca me despeço. adeus pertence à classe das minhas palavras proibidas, assim como despedir pertence à classe dos verbos proibidos. guardo os óculos no bolso para que se possa cumprimentar o vento. voltarão ao rosto, ampliando os olhos e a inquietação.
não há tempo para um adeus. apenas a espera pelo outono que chegará breve, vestido a cores fortes. virão o aconchego das lãs, o fresco no rosto, os cabelos molhados.
saudade é a palavra que cobre completamente adeus e despedida.
outono, quando chegas?
outono, quando chegas?
[ka07@porto]
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