[ka@dez2012]
dezembro 31, 2012
dezembro 28, 2012
casa...
... local de acolhimento, aconchego, familiaridade, sussurros,
cumplicidades, chá e bolo de chocolate com nozes ...
cumplicidades, chá e bolo de chocolate com nozes ...
[ka@guincho, dez2012]
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dezembro 19, 2012
dezembro 01, 2012
novembro 25, 2012
noz portuguesa
[ka@outono 2012]
tenho de começar por declarar que sou uma consumidora diária de nozes. duas nozes ao pequeno almoço, entre flocos de trigo e arroz, com iogurte natural, sem qualquer adição de açucar, uma chávena de bom chá preto... é assim que começam a maioria dos meus dias. é um ritual já com anos. varia nos acompanhamentos de fruta (banana, diospiro, tiras finas de maçã, ou sumo fresco...). é uma rotina e repetição de que não consigo abdicar e que não consigo esgotar.
o último ano foi frustante em termos de nozes. foi o ano em que decidi não voltar a comprar nozes estrangeiras, cansada e frustrada por pagar a peso de ouro o refugo rançoso da produção de nozes internacional (normalmente nozes francesas ou californianas). e de noz portuguesa, nada! as grandes superfícies descuram a produção nacional. e eu provavelmente atrasei-me na visita ao comércio tradicional.
até que no início deste outono decidi-me a ir atrás da noz portuguesa por caminhos cibernéticos. cheguei a bom porto ao descobrir uma entrevista realizada por um periódico regional ao Sr. João Machado Teté, produtor de nozes em terrenos alentejanos (Monte da Raposinha, Beja). já com bons anos de experiência, o sr. Teté gosta de partilhar o seu conhecimento e entusiasmo sobre produção de noz. tem, para tal, um blog de nome Nozes e Nogueiras onde podem encontrar-se informações relevantes para produtores e consumidores de nozes produzidas em terreno português. muito prestável e fácil de contactar, deu-me ainda mais preciosas dicas de como encontrar bons lugares/produtores para satisfazer os meus apetites individuais.
o meu agradecimento ao Sr. João Teté fica aqui bem assinalado, assim como a partilha da localização de toda esta informação, para todos os amantes de nozes que por aqui andam.
ps: novembro é um excelente mês para descobrir noz "fresca" nas bancas das mercearias e pequenas superfícies. não lixiviadas podem armazernar-se durante meses!
paisagem passageira [hilde domin]
Tem de se poder partir
contudo ser como uma árvore:
Como se a raíz permanecesse na terra,
como se a paisagem passasse e nós ficássemos.
Tem de se conter a respiração
até que o vento amaine
e o ar desconhecido nos comece a envolver,
até que o jogo de luz e sombra,
de verde e azul,
nos mostre as estruturas antigas
e estamos em casa,
seja onde for,
e podemos sentar e apoiar-nos
como se fora à sepultura
da nossa Mãe.
[hilde domin, estende a mão ao milagre, Cosmorama 2006]
contudo ser como uma árvore:
Como se a raíz permanecesse na terra,
como se a paisagem passasse e nós ficássemos.
Tem de se conter a respiração
até que o vento amaine
e o ar desconhecido nos comece a envolver,
até que o jogo de luz e sombra,
de verde e azul,
nos mostre as estruturas antigas
e estamos em casa,
seja onde for,
e podemos sentar e apoiar-nos
como se fora à sepultura
da nossa Mãe.
[hilde domin, estende a mão ao milagre, Cosmorama 2006]
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novembro 23, 2012
com saudades do calor e silêncio do majestoso Grand Canyon
... escarpas, despidas pela erosão,
revelam marcas fortes do passado, num conjunto de estratos geológicos muito
particulares (cor, estrutura, composição, origem...) que permitem revisitar cerca de 2 mil milhões de anos de história. uma das teorias propostas para explicar a formação do canyon, o
oceano terá existido quando este pedaço de planeta se encontrava algures na
linha do Equador, a 4000 km de distância(!), há 200 mil anos atrás. o que hoje
nos é dado a conhecer resulta da dinâmica intrínseca do nosso planeta, da
tectónica, e é alvo de teorias que merecem exploração na grandeza do Canyon,
como a teoria “DUDE: Deposition, Up-lift,
Down cutting, Erosion”.
... as culturas índias (tribos
Havasupia, Hualapai, Paiute, Navajo e Hop) remontam a milhares de anos de Canyon, e nos últimos séculos cruzam-se
perigosamente com a história de europeus e americanos. há lugares remotos aos
quais só pode chegar-se por caminhadas de longas horas, ou pelo rio Colorado.
para descobrir, histórias de aventureiros, exploradores, índios,
políticos, e mineiros que marcaram a paisagem. exemplo particular, os aventureiros irmãos Kolb que deixaram um testemunho muito
importante sobre a vivência do Canyon no início do século XX, justificando uma
visita ao Estúdio de fotografia Kolb instalado com vista privilegiada sobre o
trilho Bright Angel, onde podem
visionar-se filmes registados com técnicas inovadoras para a época e em
condições bastante complicadas, como aquelas oferecidas pelos rápidos do rio
Colorado.
... o Canyon tem
muitos outros espectadores para além dos humanos: imponentes veados-mula,
inúmeros esquilos; corvos perscrutadores; falcões peregrinos e condores
(espécie protegida e em pequeno número) a patrulhar e a identificar restos
mortais das suas presas; gaios-azul, corvos, e os impressionantes andorinhões
em voos de alta velocidade.
... desafia turistas e amantes da
natureza. é visitado por cerca de 4 milhões de visitantes anuais, mas a
estatística diz que apenas 1 a 5 % dos visitantes desce abaixo da linha do
topo. o tempo médio de visita ao parque natural é de cerca de 6h, mas podendo,
fica-se muito mais tempo. visitar o Canyon implica percorrer os seus caminhos,
descer e subir os trilhos que recortam as encostas dos desfiladeiros em
repetidos zig-zag vencendo a variação brusca de elevação, respeitando a
imponência e a severidade que a natureza ali nos apresenta. dispondo de mais
tempo pode descobrir-se o rio Colorado em caminhadas mais longas, de alguns
dias, passando pelos ranchos que apoiam os caminhantes na base do desfiladeiro,
outrora pontos de apoio para mineiros e exploradores.
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novembro 18, 2012
catalisadores vitais
... Only in proportion as we are desirous of living more do we really live. Obstinately to insist on carrying on within the same familiar horizon betrays weakness and a decline of vital energies. Our horizon is a biological line, a living part of our organism. In times of fullness of life it expands, elastically moving in unison almost with our breathing. When the horizon stiffens it is because it has become fossilized and we are growing old.
The dehumanization of art, José Ortega y Gasset,
Anchor Books, 1956
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sonhos [Honeymoon Suite, Suzanne Vega]
não é novidade que Suzanne Vega é uma contadora de histórias nata, com olho para pequenos detalhes.
sempre adorei esta letra. o contexto, a situação, a fotografia. musicalmente, não é das minhas preferidas. uma candidata a saltar de faixa. se pudesse, dar-lhe-ia outra roupagem completamente diferente.
no entanto, tendo passado um fim de semana de sonhos nocturnos (não pesadelos) com muitas -muitas mesmo- visitas inesperadas, seguidos de enxaqueca diurna, era impossível não a recordar:
The ceiling had a painting on it / In our room in France
So we were living underneath / Some angels in a dance
My husband was not feeling well / And so we went to bed
He woke up complaining / Of an aching in his head
He said a hundred people / Had come through our room that night
That one by one the old and young / Asked if he was all right
One by one the old and young / Lined up to touch his hand
He spent the night explaining / They had come to the wrong man
The concierge was less than helpful / When we asked her the next day
With coffee and a magazine / We went to the desk to pay
“What happened in that room?” he asked / “A death or something strange?”
She smiled at him politely / And returned to him his change
Well, what I’d like to know / And this will be a mystery
Is with all the people in that room / Why none appeared to me?
When we sleep so close together that / Our hair becomes entwined
I must have missed that moment / In the gateway to his mind
(Nine Objects of Desire, 1996)
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setembro 20, 2012
don't let us ask for the moon... we have the stars!
... é a frase que fica no ar no fim de "now voyager", filme de 1942 com Bette Davies no papel principal.
um belo filme, em que a história de uma jovem mulher oprimida pela sua mãe (e família) se precipita frente aos nossos olhos, com pitadas satírico-humorísticas q.b., e terminando num final feliz que deixa muitas questões psicológicas em aberto.
é quando essa jovem mulher se liberta das garras que a enloqueciam, recuperando a tão importante auto-estima e transfigurando-se numa figura luminosa, ainda que sóbria, (é) foi nesse momento que comecei a ver fantasmas de Susan Sarandon a passearem-se neste filme dos anos 40.
ora cá estão elas juntas:
um belo filme, em que a história de uma jovem mulher oprimida pela sua mãe (e família) se precipita frente aos nossos olhos, com pitadas satírico-humorísticas q.b., e terminando num final feliz que deixa muitas questões psicológicas em aberto.
é quando essa jovem mulher se liberta das garras que a enloqueciam, recuperando a tão importante auto-estima e transfigurando-se numa figura luminosa, ainda que sóbria, (é) foi nesse momento que comecei a ver fantasmas de Susan Sarandon a passearem-se neste filme dos anos 40.
ora cá estão elas juntas:
outra bela foto de Susan Sarandon, ainda mais similar em http://www.moviepicturedb.com/picture/24dd9f1d
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setembro 10, 2012
agosto 29, 2012
entre/between [antoni muntadas]
só até 2 de Setembro, no Centro de Arte Moderna da FCG
resultado de experiências sensoriais na exposição de Antoni Muntadas:
[ka@ago12]
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agosto 27, 2012
dominga [agustina bessa-luís]
conto delicioso. esvaiu-se mais rápido que o saboroso chá preto:
(...)
- Ah, não posso habituar-me demasiado ao conforto. Não é saudável. Tenho que descer e subir as escadas e sentir as mãos geladas de empurrar o portão ferrugento. Já nem range, de tanta ferrugem que tem. É irreparável e, ao mesmo tempo, é consolador. Há coisas que nos consolam porque são irreparáveis. Imagine que tudo se podia compor neste mundo. Que os dinossauros voltavam, que os judeus se levantavam das fossas onde foram empilhados como lixo. Será que tínhamos cara para os receber? O dó é necessário. A cólera é necessária.
(...)
(Cosmorama edições)
(...)
- Ah, não posso habituar-me demasiado ao conforto. Não é saudável. Tenho que descer e subir as escadas e sentir as mãos geladas de empurrar o portão ferrugento. Já nem range, de tanta ferrugem que tem. É irreparável e, ao mesmo tempo, é consolador. Há coisas que nos consolam porque são irreparáveis. Imagine que tudo se podia compor neste mundo. Que os dinossauros voltavam, que os judeus se levantavam das fossas onde foram empilhados como lixo. Será que tínhamos cara para os receber? O dó é necessário. A cólera é necessária.
(...)
(Cosmorama edições)
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do ciúme, da posse, e dos patos
(algures num parque da cidade, e ouvido em tom de prazenteira indignação)
- já não se pode fotografar patos! o meu marido estava a fotografar a fémea e logo veio o pato-macho e não tivesse ele (marido) saltado para trás (o pato) tinha-o atacado...
possível moral da estória:
os patos de parques citadinos são fiéis, possessivos e ciumentos
- já não se pode fotografar patos! o meu marido estava a fotografar a fémea e logo veio o pato-macho e não tivesse ele (marido) saltado para trás (o pato) tinha-o atacado...
possível moral da estória:
os patos de parques citadinos são fiéis, possessivos e ciumentos
[Tom Jobim, O Pato]
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diário da vida dos outros,
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agosto 21, 2012
agosto 15, 2012
agosto 10, 2012
o tomate
[ka@O Celeiro do Pinto/Redondo - ago12]
como em tudo na vida, quando há sumo e substância, nada mais se exige a fim de preservar a qualidade do desfrute...
se passarem a Redondo, Alentejo, Portugal já sabem...
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aromas,
iguarias,
olhares do verão
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março 17, 2012
março 16, 2012
Lua e GNAC [Italo Calvino]
são curtas histórias de Marcovaldo e sua família. enternecedoras. moralizadoras. surpreendentes. de uma perspicácia para pequenas realidades, detalhes, que passariam despercebidas à maioria dos passos apressados das rotinas citadinas. finais surpreendentes. Lua e GNAC, em particular, deixou-me com um sorriso e um sentimento de presença nas vidas destes personagens. se puderem, não deixem de ler. fica aqui só um pequeno "aperitivo":
Verão / 14. Lua e GNAC /
O GNAC era parte do letreiro publicitário SPAAK-COGNAC por cima do telhado em frente, que estava vinte segundo aceso e outros vinte apagado, e enquanto ficava aceso não se via mais nada. A lua de repente empalidecia, o céu punha-se uniformemente negro e plano, as estrelas pediam o brilho, e os gatos e gatas que há dez segundo lançavam renhaus de amor movendo-se lânguidos um contra o outro ao longo das goteiras e cimalhas, agora, com o GNAC, escondiam-se nas telhas de pêlo eriçado, sob a luz foforescente do néon.
À janela da mansarda onde morava, a família de Marcovaldo era atravessada por opostas correntes de pensamentos. (...)
(...)
E assim, de cada vez que se acendia o GNAC, os astros de Marcovaldo confundiam-se com os tráficos terrestres, e Isolina transformava um suspiro no ofegar de um mambo cantarolado, e a rapariga da mansarda desaparecia naquele arco deslumbrante e frio, ocultando a sua resposta ao beijo que Fiordaligi tivera finalmente a coragem de lhe mandar nas pontas dos dedos, e Filippetto e Michelino de punhos à frente da cara brincavam aos bombardeamentos aéreos - Ta-ta-ta-tá... - contra o letreiro luminoso, que ao cabo de vinte segundos se apagava.
(...)
[Italo Calvino, Marcovaldo - a busca da natureza no meio da cidade, Teorema]
fevereiro 22, 2012
carnaval, pândegas, ironias e feriados
notar que na mensagem escrita se escreve: "o CARNAVAL FICA!" e não "os feriados ficam" (Foto: Dário Cruz, no Público) |
carnaval | s. m. (francês carnaval, do italiano carnevale, de carnelevare, retirar a carne)
1. Período de festas profanas de origem medieval, compreendido
entre o dia de Reis e a quarta-feira de Cinzas
2. Período que compreende os três dias que precedem a Quaresma. = ENTRUDO
3. Conjunto de brincadeiras e festejos que ocorrem nesses dias
4. Grande divertimento ou festa. = FARRA, FESTIM, FOLGUEDO, FOLIA, PÂNDEGA
entrudo | s. m. (latim introitus, -us, entrada, começo)
1. Período que compreende os três dias que precedem a Quaresma
2. Conjunto de brincadeiras e festejos que ocorrem nesses dias
3. Pessoa vestida ridiculamente
4. [Portugal: Trás-os-Montes] Indivíduo obeso
quaresma | s. f. (latim quadragesima [dies], quadragésimo dia)
1. Período de tempo compreendido entre a Quarta-Feira de Cinzas (inclusive) e o Domingo de Páscoa (exclusive)
(...)
feriado | adj.
1. Diz-se do dia em que se suspende o trabalho e as aulas, por prescrição civil ou religiosa.
1. Período de tempo compreendido entre a Quarta-Feira de Cinzas (inclusive) e o Domingo de Páscoa (exclusive)
(...)
feriado | adj.
1. Diz-se do dia em que se suspende o trabalho e as aulas, por prescrição civil ou religiosa.
já há muitos anos que sou defensora da abolição de alguns feriados, ou da sua movimentação no calendário, a fim de tornar a minha (de todos?) produtividade mais fluida. quais os feriados que verdadeiramente são festejados neste país, para além do natal, e ano novo? (feriado+sol+"T>23ºC"=praia) e todos os outros que recordo, não vejo razão para que não possam ser encostados ao fim de semana, sem que com isso se desvirtue a possibilidade de relembrar a nossa história, comemorar, reflectir sobre os diferentes propósitos, religiosos ou civis, de tais eventos.
ainda assim... há sempre uma pequena incongruência, ou ironia legislativa à espreita...
ainda assim... há sempre uma pequena incongruência, ou ironia legislativa à espreita...
e a ironia é que a abolição de feriados é posta em acção em vésperas de carnaval/entrudo, sendo a abolição em si um verdadeiro entrudo (leia-se o significado 2. em cima), pois que o feriado que não era feriado, ou seja, o carnaval, aquele que era verdadeiramente aproveitado, comemorado e vivido, não viu a sua honra ser promovida (a feriado, entenda-se) nesta revolução legislativa, muito pelo contrário, viu-se alvo de atentado à sua existência, diminuindo-se a capacidade e disponibilidade dos cidadãos usufruirem desta...
celebração, farra, festim, folguedo, folia, PÂNDEGA (leia-se o significado 4. em cima)
o dicionário da priberam não traz o significado religioso de quaresma (traz os significados vários botânicos), mas, se bem me lembro, é um período de sacrifícios (onde é que já vi isto, fora de contexto religioso?), de retirar a carne (leia-se o significado no topo) - qual carne se retira? - de limpeza, de reflexão, na preparação da chegada da páscoa, a comemoração do homem novo (puro, limpo, libertado) (vejo aqui mais uma série de coincidências desejadamente político-socio-económicas) (desejadas, mas sem data anunciada. como a chegada do Tal. chegar chegar, só a tRoikA chegou...)
ora, mais uma razão para celebrar o carnaval, não? PANDEGAR enquanto se pode (sem grandes gastos, claro, que o tempo não está para aventuras) celebrar, extravasar um pouco de loucura, para ter mais energia para enfrentar a soturnidade e as negatividade do quotidiano rotineiro em que nos querem imergir...
em suma:
fico muito triste com a despromoção total do carnaval. até me admiro com o facto desta medida ser promulgada nesta nossa sociedade consideravelmente dominada por uma moral paternalista e masculina: será que os machos latinos já tomaram consciência que vão deixar de ter desculpa para se colocarem em cima de saltos altos, de meia de lycra, cabeleira e postiços vários, a sua máscara preferida?
em suma:
fico muito triste com a despromoção total do carnaval. até me admiro com o facto desta medida ser promulgada nesta nossa sociedade consideravelmente dominada por uma moral paternalista e masculina: será que os machos latinos já tomaram consciência que vão deixar de ter desculpa para se colocarem em cima de saltos altos, de meia de lycra, cabeleira e postiços vários, a sua máscara preferida?
fevereiro 19, 2012
assalto de cascas ao P3 [susana blasco]
não é só por tratar de cascas... vale mesmo a pena espreitar o trabalho de Susana Blasco. simplicidade carregada de significado(s).
do P3:
Raptámos o seu pequeno-almoço cor-de-rosa e outras refeições delicadas. Acariciámos o Bonaparte e esmagámos duas ou três nozes. O mosaico de fotografias de @descalza é tão real que quase podemos tocar-lhe. “Passo muitas horas em frente ao computador. O Instagram é uma terapia para momentos aborrecidos”, disse ao P3 a designer gráfica Susana Blasco. “Por isso, a maioria dos temas que aparecem nas minhas fotografias são objectos próximos, coisas simpes e insignificantes que me rodeiam. São colagens de fotos ou de livros antigos. E, claro, partes do meu gato Bonaparte, o meu modelo favorito”. LOC
fevereiro 04, 2012
silk&soul [nina simone]
Cherish
I wish i knew how it would feel to be free...
[HuffPost - blackvoices pop culture, 5 feb 2012]
Maya Angelou: Nina Simone Spoke The Anguish Of Racial Prejudice
With Black History Month in full swing, this month also marks the 79th birthday (February 21) of Nina Simone. In addition to the celebration of Simone's date of birth is the re-launch of her official site, which launched last May under the guidance of her daughter, Simone (Lisa Simone Kelly).
...
Head over to the site on February 8 to view Dr. Maya Angelou's posting in its entirety.
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fevereiro 03, 2012
vista com grão de areia [Wislawa Szymborska]
We call it a grain of sand,
but it calls itself neither grain nor sand.
It does just fine, without a name,
whether general, particular,
permanent, passing,
incorrect, or apt.
Our glance, our touch means nothing to it.
It doesn't feel itself seen and touched.
And that it fell on the windowsill
is only our experience, not its.
For it, it is not different from falling on anything else
with no assurance that it has finished falling
or that it is falling still.
The window has a wonderful view of a lake,
but the view doesn't view itself.
It exists in this world
colorless, shapeless,
soundless, odorless, and painless.
The lake's floor exists floorlessly,
and its shore exists shorelessly.
The water feels itself neither wet nor dry
and its waves to themselves are neither singular nor plural.
They splash deaf to their own noise
on pebbles neither large nor small.
And all this beneath a sky by nature skyless
in which the sun sets without setting at all
and hides without hiding behind an unminding cloud.
The wind ruffles it, its only reason being
that it blows.
A second passes.
A second second.
A third.
But they're three seconds only for us.
Time has passed like courier with urgent news.
But that's just our simile.
The character is inverted, his hasts is make believe,
his news inhuman.
[tranlated by Stanislaw Baranczak and Clare Cavanagh, faber & faber, 1993]
but it calls itself neither grain nor sand.
It does just fine, without a name,
whether general, particular,
permanent, passing,
incorrect, or apt.
Our glance, our touch means nothing to it.
It doesn't feel itself seen and touched.
And that it fell on the windowsill
is only our experience, not its.
For it, it is not different from falling on anything else
with no assurance that it has finished falling
or that it is falling still.
The window has a wonderful view of a lake,
but the view doesn't view itself.
It exists in this world
colorless, shapeless,
soundless, odorless, and painless.
The lake's floor exists floorlessly,
and its shore exists shorelessly.
The water feels itself neither wet nor dry
and its waves to themselves are neither singular nor plural.
They splash deaf to their own noise
on pebbles neither large nor small.
And all this beneath a sky by nature skyless
in which the sun sets without setting at all
and hides without hiding behind an unminding cloud.
The wind ruffles it, its only reason being
that it blows.
A second passes.
A second second.
A third.
But they're three seconds only for us.
Time has passed like courier with urgent news.
But that's just our simile.
The character is inverted, his hasts is make believe,
his news inhuman.
[tranlated by Stanislaw Baranczak and Clare Cavanagh, faber & faber, 1993]
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janeiro 19, 2012
les filles de Bordeaux [Kurt Weill, LODHO]
depois da referência às meninas de bordéus, cá estão elas,
nas mãos, voz e imagem da curiosa L'orchestre D'Hommes-Orchestres
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janeiro 16, 2012
Do antes só ao mal
acompanhado
preferimos a verdade, a mentira,
a incoerência de opiniões,
a paz com o diabo
um salto em branco
nas desrazões.
[Helga Moreira, Desrazões, Quasi]
acompanhado
preferimos a verdade, a mentira,
a incoerência de opiniões,
a paz com o diabo
um salto em branco
nas desrazões.
[Helga Moreira, Desrazões, Quasi]
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janeiro 15, 2012
janeiro 08, 2012
janeiro 04, 2012
Youkali [Ute Lemper]
a minutos de 2012, um sms transporta-me para a voz de Ute Lemper cantando Les Filles de Bordeaux de Kurt Weill. consequentemente, regressei à voz, que aqui partilho em registo intimista, adequado à hora tardia, através desta bela interpretação do tango Youkali
[Youkali e Les Filles de Bordeaux, canções da obra Marie Galante de Jacques Deval, musicada por Kurt Weill]
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janeiro 02, 2012
os dias todos assim [Helga Moreira]
de outra a arte de transfigurar os dias
Degredos. Outra a arte
de transfigurar os dias.
Por andaimes, torres, correrías,
bocejos frente ao écran, odores
calafetados, um dia,
todos os dias,
para que de real nos sobrem
incandescências e, matizada
de penumbra, a voz.
Degredos. Outra a arte
de transfigurar os dias.
Por andaimes, torres, correrías,
bocejos frente ao écran, odores
calafetados, um dia,
todos os dias,
para que de real nos sobrem
incandescências e, matizada
de penumbra, a voz.
de inacção
Como se ao partir alcançasse
os dias do regresso,
finjo
que não há outro modo
de partir
[Helga Moreira, Os dias todos assim, &ETC, 1996]
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