novembro 23, 2012

com saudades do calor e silêncio do majestoso Grand Canyon

[ka@Grand Canyon, South Kaibab trail, Maio 2012] 

... escarpas, despidas pela erosão, revelam marcas fortes do passado, num conjunto de estratos geológicos muito particulares (cor, estrutura, composição, origem...) que permitem revisitar cerca de 2 mil milhões de anos de históriauma das teorias propostas para explicar a formação do canyon, o oceano terá existido quando este pedaço de planeta se encontrava algures na linha do Equador, a 4000 km de distância(!), há 200 mil anos atrás. o que hoje nos é dado a conhecer resulta da dinâmica intrínseca do nosso planeta, da tectónica, e é alvo de teorias que merecem exploração na grandeza do Canyon, como a teoria “DUDE: Deposition, Up-lift, Down cutting, Erosion”.


... as culturas índias (tribos Havasupia, Hualapai, Paiute, Navajo e Hop) remontam a milhares de anos de Canyon, e nos últimos séculos cruzam-se perigosamente com a história de europeus e americanos. há lugares remotos aos quais só pode chegar-se por caminhadas de longas horas, ou pelo rio Colorado. para descobrir, histórias de aventureiros, exploradores, índios, políticos, e mineiros que marcaram a paisagem. exemplo particular,  os aventureiros irmãos Kolb que deixaram um testemunho muito importante sobre a vivência do Canyon no início do século XX, justificando uma visita ao Estúdio de fotografia Kolb instalado com vista privilegiada sobre o trilho Bright Angel, onde podem visionar-se filmes registados com técnicas inovadoras para a época e em condições bastante complicadas, como aquelas oferecidas pelos rápidos do rio Colorado. 

... o Canyon tem muitos outros espectadores para além dos humanos: imponentes veados-mula, inúmeros esquilos; corvos perscrutadores; falcões peregrinos e condores (espécie protegida e em pequeno número) a patrulhar e a identificar restos mortais das suas presas; gaios-azul, corvos, e os impressionantes andorinhões em voos de alta velocidade.

... desafia turistas e amantes da natureza. é visitado por cerca de 4 milhões de visitantes anuais, mas a estatística diz que apenas 1 a 5 % dos visitantes desce abaixo da linha do topo. o tempo médio de visita ao parque natural é de cerca de 6h, mas podendo, fica-se muito mais tempo. visitar o Canyon implica percorrer os seus caminhos, descer e subir os trilhos que recortam as encostas dos desfiladeiros em repetidos zig-zag vencendo a variação brusca de elevação, respeitando a imponência e a severidade que a natureza ali nos apresenta. dispondo de mais tempo pode descobrir-se o rio Colorado em caminhadas mais longas, de alguns dias, passando pelos ranchos que apoiam os caminhantes na base do desfiladeiro, outrora pontos de apoio para mineiros e exploradores.
regressa-se com vontade de voltar, trazendo no bolso o silêncio colorido dos desfiladeiros, pontuado com sussurros de vento, e pequenos pedaços de rocha.

[ka@Grand Canyon, South Kaibab trail, Skeleton Point, Maio 2012]

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