... de Justine, 1º livro do Quarteto de Alexandria, de Laurence Durrel.
(1)
[Baltasar, falando do velho poeta, K. Kavafis] ... Na sua vida, utilizava realmente o melhor de si próprio, o seu ser profundo. A maior parte das pessoas deixam-se levar e sofrem a vida como quem recebe as rajadas de água morna debaixo do chuveiro. À proposição cartesiana penso, logo existo opunha-se a sua, que se podia enunciar desta maneira: imagino, logo pertenço e sou livre.(2)
... Justine, que passava pelo mesmo estado de confusão entre as suas ideias e as suas intenções, reagia de maneira diferente: "sabes quem inventou o coração humano? se sabes, diz-me o lugar onde o enforcaram".(3)
Ao regressar pela avenida mergulhada na noite, sob o dossel de árvores, respirando deliciado a brisa que subia do porto, vieram-me à memória aquelas palavras que Justine pronunciara deitada a meu lado: "servimo-nos dos outros como se fossem machados para abater aqueles a quem realmente amamos".[Editora Ulisseia]
2 comentários:
é forte. Dificilmente se escreverão mais verdades assim...
não lhe chamemos "verdades"
demasiado preciso
demasiado exacto
chamemos-lhe: pontos de reflexão
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