julho 10, 2008

[bombeiro seguido de abraço]

na lista de tarefas três items para o dia. a meio da tarde ainda nem sequer tinha tocado no primeiro. tratava de fogos cruzados, em paralelo, desde o início da manhã. ainda assim, havia quem batesse à porta e não aceitasse uma justificação mais que justificada para o Não! e insistisse em forçar não sei quantos Sim!s. NÃO! as horas ainda tem 60mins! não 180, mas 60. depois a conversa enrola e enrola. tenta justificar-se aquilo que não tem justificação para parecer menos mal. a filosofia é "quando se pede a alguém a resposta obtida tem de ser SIM, mas se me pedirem a mim, digo NÃO (mas disfarço que é quase sim)". pode parecer contraditório. mas não é. estou cansada de ouvir "não tenho tempo!" e ter toda a gente a exigir-me ou a roubar indirectamente do meu. cansaço de apagar fogos. não sou bombeiro.

hoje é um daqueles dias de entrega silenciosa. subir pesarosamente todos os degraus, talvez em desequilíbrio, ou lentamente evitando o ofegante. até ao topo. sentir a porta que se abre, uma respiração escondida, e uma entrega incondicional e silenciosa a um abraço. longo. e nele magicamente esquecer tudo o que não tem importância nenhuma. até surgir o sorriso perdido do rosto. em silêncio. melhor, sem palavras sonoras.




[alheamento do dia: "curso de silêncio", por Vera Mantero e Miguel Gonçalves Mendes, tendo por base textos de Maria Gabriela Llansol; CCVF, Guimarães]

2 comentários:

Nuno Gomes Lopes disse...

não é 'desiquilíbrio' mas antes 'desequilíbrio'.

beijo

ka disse...

obrigada sr. prof.!
é o desequilíbrio completo!
é poesia visual brejeira!
:)
b.