julho 29, 2008

potra verde escuro

[ka07]

a camisola verde pescoço de tartaruga manga quase cava já tem um buraco. buraco laboriosamente tapado ao qual não escapa a aparência de minúscula potra. denuncia a passagem do tempo, o desgaste, o tratamento agressivo ou - visão alternativa - o entusiasmo brincalhão de uma gata. na tua memória será uma mancha com contornos. no meu corpo, aconchego de toque algodão no pescoço e potra a roçagar o abdómen. nada mais. desenhaste-nos numa página amarela, linhas cruzadas convictamente desenhadas – ou, talvez, linhas paralelas torcidas à proximidade e divergidas no contacto... uma pequena pedra no sapato, pequenos buracos no tecido, nódoas a marcar o correr do tempo. somos os mesmos. intenção, ímpeto e palavras escritas na sombra dos dias. sem toque. sem sentido. o verde a ficar russo. a potra a rebentar. e as palavras... [a costela alentejana a lembrar A Oferta do Destino, de Florbela Espanca]

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