setembro 26, 2008

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EMBEDDED
[fictions, by Lúcia David]

Embedded love is the worst kind you can catch. It's like a forever cold. You can't breath. You want to smile and want to cry. You just seat there and take it in full. You seat there waiting to stretch wings and go away but you can't move. You love so badly that you ache. You love so much that you hate yourself. You forget about your own existence. You can not see but the other and the beauty and you seat and contemplate, and stay still and feel just foolishly happy. Is this not totally unbearable! Totally incomprehensible! And so inappropriate! You, seating there growing roots, deeper and deeper, that feed on presents and love notes, promises of eternity and procreation. Until. And that punch comes. It hits you somewhere in the head and you fall down and you taste the musty flavour of your dirty carpet and the salt of your tears, and you try to breath and it's all blocked and bloody. And then, Only then! you grab the chair where you have been just seating and start to smash the furniture and the windows and the china presents, but then it's too late! Your heart is already broken and your veins poisoned, and your brain has expired. Now there's only embedded misery to take on board.

[ka,set08]

setembro 24, 2008

the Greek words to describe the different ways of love*

porneia:is love of a child for its mother, love that is nourished by the other. Vital need, consuming love. To make of the other an object. Love that fills a void. There's always a child inside us.

pothos:is love as a lack, the need to be loved, recognised.

eros:is the winged god (winged passion, phallus with wings). Desire for the beautiful, the good, dependence and consummation. It awakens aspiration towards beauty. To rediscover by experiencing the sacred.

philia:is love for friends, emergence of the other person as a subject. Phylia has four layers:
philia physike:

is love for family (blood and flesh), recognising the child as an extension of oneself.


philia erotike:

is physical attraction, without the act itself. Two souls attracted to each other. Presence that awakens us, that makes us grow.
philia hetarike:

is love for a friend, listening to the other, his difference, his problems. Love as exchange.
philia xenike:

is love for the stranger, hospitality, loving difference, emergence of alterity.
mania:is passion, dependence, jealousy, possession, exclusivity. Captive love (I want you to myself).

storge:is tenderness. The heart that is present, heart on the palm, it gives itself expecting less in return.

harmonia:is love in silence, harmony in breaths, to be on the same wavelength, simple, a togetherness on a mystical level, not dependent (we meet as though we had only separated yesterday).

charis:is love celebrating, praise, joy given freely, offered. The thanks to the gods. Gratuitous, beauty that gives itself.

agape:is absolute love, love of God, the source. Love that springs from the source, that gives itself. A birth of a love that is ready to renounce itself. Love that makes love grow in the other. The fullness of love, plenitude.

eunoia:is goodwill, love without expectation of return, devotion, compassion, without the desire to be desired. Spiritual level of love.

*excerpt taken from the in-i performance booklet



La Binoche e Akram Khan: In-I

In-I, uma co-produção promovida pelo National Theatre, que desafiou os conhecidos actriz e coreógrafo a lançarem-se no espaço do palco, explorando vertentes criativas que à partida seriam estranhas ao corpo de cada um deles. Akram transforma Juliette numa performer, Juliette incentiva as capacidades teatrais de Akram. durante meses trabalharam em conjunto sobre as diferentes vertentes do amor. em palco, resultou uma performance cronológica sobre os sentimentos no âmago de uma comum relação de casal. desde a paixão deslumbrada até ao sentimento mais maduro e terno que associo ao crescimento, no tempo, de uma relação duradoura, ainda que os caminhos possam ter as suas encruzilhadas mais ou menos problemáticas (a sobrevivência, associada ao amor). é nestas encruzilhadas que se situa o espaço explorado quer pela dança, quer pela interpretação do texto que a acompanha.

também o espectáculo tem os seus momentos altos e baixos. a encenação, minimal mas extremamente eficiente (uma parede móvel e iluminação pensada ao detalhe) tem a assinatura de Anish Kapoor, artista que já me tinha impressionado com a sua instalação na Tate Modern, Marsyas. Os duos de dança entre Khan e Binoche podem ser ditos simples quando comparados com outros trabalhos do coreógrafo, mas resultam muito bem, mostrando o trabalho soberbo que Juliette fez para chegar a este nível de dança, e transmitindo a grande empatia que existe em palco entre os dois.

a mais valia do espectáculo saltou do programa do espectáculo. a constatação da representatividade linguística da palavra Amor na língua grega. são 14 as palavras que definem 14 formas de Amor. irei transcrevê-las. Juliette Binoche ainda lança o desafio: completar o conjunto com novas entradas.

teatro e dança: etiqueta que assenta sobre este post que nem miolo de noz dentro da sua casca.

kaparazza

tomava o meu mocha, sentada nos degraus da cafetaria à entrada do royal national theatre, preparando-me para a experiência das 19h. passa um vulto, dirigindo-se ao cantinho dos degraus e da coluna. alto, muito alto, botas de montar, cigarrilha, esbelto. ali se senta a ler o jornal. a três ou quatro metros de mim. provavelmente também esperando. um vulto charmoso, muuuito charmoso, Aquele charme que vem da experiência, da idade... confesso, bloqueei. e havia tanto assunto que poderia ter colocado ali nos degraus. dá para ver quem é?
nada de chamar-me nomes feios!!!!

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[ka@set08]

setembro 19, 2008

um companheiro de férias

o livro é pequeno, 102 páginas, nove pequenos contos de Djuna Barnes, sob o título Uma Noite Entre os Cavalos. elemento da selecção de companheiros de múltiplas viagens. passaram seis semanas. só ontem me abandonou, companhia permanente salteada por outras leituras.

os contos de Djuna abrem-se a partir de situações simples, de um quotidiano já distante da dinâmica do mundo do Hoje, mas os carácteres humanos que lhe servem de base podem facilmente ser universalizados intemporalmente. pequenas loucuras ou obsessões, valores humanos, pressupostos sociais... desenvolvem-se numa trama hermética, com buracos narrativos que levam o leitor a passear-se pelas poucas páginas de cada conto, relendo do fim para o princípio, em busca de caminhos ou pequenas pistas. no fim esperam-nos (quase) sempre doses tipo shot de crueza/crueldade humanas. para que aprendamos a reconhecer os seus sinais, ou para compreender outras dimensões que nos escapam na rotina fechada dos dias.

o conto que mais me demorou a digerir intitula-se "O coelho". noutro registo, o peso das aparências e suas consequências estão bem marcados no conto que dá o nome ao livro.

setembro 05, 2008

dia de chuva miudinha e densa, aperitivo a Porto de novembro, em setembro.era suposto haver uns aviõezinhos malucos por aqui. estiveram silenciosos. e eu não saboreei o vento no rosto. lembrei-me de uma foto que recebi faz um ano. avião a pique sobre o douro. na memória começou a tocar uma das minhas músicas preferidas da tori, daquelas de ouvir em repetição.

o vídeo é fatela mas mesmo assim...

setembro 03, 2008

retrato aberto

fotografia-filme captada entre Albergaria e o IC2, ago08:

asfalto novo, faixas largas, uma longa curva à esquerda a pronunciar a descida da montanha. à entrada da curva e em linha de vista, uma saída em terra batida para um jovem eucaliptal. a meio, uma rapariga sentada num caixote, sobre os rastos de tractores.

à sua direita, um guarda sol fechado espetado na borda do caminho. ela, sentada sobre um caixote, de saia curta azul bebé, perna trocada, de botas escuras, provocantes, cabelo farto apanhado de forma simples, casaco rosa. imagino-lhe o rosto pintado.

ela mostrando-se, montra perfeita.
fazia algo...

na rápida aproximação à curva, apreendo a sua imagem e o seu gesto, o seu entretém.

sentada, de perna trocada, à entrada do eucaliptal quase no topo do monte, a fazer renda.

deveria ter uns 20, não mais do que 30.