Renata encostou o rosto ao peito do marido a tentar escutar-lhe o coração que nem sabia se alguma vez batera mais depressa quando se abraçavam.
Ficou debruçada muito tempo a olhá-lo, o risco sanguíneo já seco, na pele da cara, a formar uma espécie de cicatriz ou queimadura por onde passou depressa as unhas.
A tentar pensar com calma.
A imaginar como seria depois; depois da morte dele.
Já não era preciso dizer a si própria que o amava: amava-o; garantir a si própria que o amava: amava-o.
(...)
[Antologia de Contos, Com a mão firme e doce,
Maria Teresa Horta, Dom Quixote, 2009]
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