outubro 31, 2008
outubro 30, 2008
kasca de noz: invasão de simpáticas entidades peludas continua
numa noite esqueço-me do Pinguim, entretida e enternurada que estava na partilha das aventuras da Lulu. profanando um certo canto religioso, ouve-se em fundo gregoriano "o espírito da Lulu encheu a casa inteira, luuuuuluuuuuuuuuuuu lu lu..."
dois dias depois, a 300 km de distância e sem qualquer troca de palavras, Lulu ataca de novo, em sonhos. escrevia-me a barda:
"Até senti os beijinhos peludos que ela me dava! Parecia que ela estava mesmo ali! E andou a correr num chão de madeira duma coisa parecida com um sótão e depois vinha ter comigo, foi engraçado e estranho! Ela estava com aquele pelo muito fofinho que tinha no Inverno!"
dois dias depois, a 300 km de distância e sem qualquer troca de palavras, Lulu ataca de novo, em sonhos. escrevia-me a barda:
"Até senti os beijinhos peludos que ela me dava! Parecia que ela estava mesmo ali! E andou a correr num chão de madeira duma coisa parecida com um sótão e depois vinha ter comigo, foi engraçado e estranho! Ela estava com aquele pelo muito fofinho que tinha no Inverno!"
a menina alvo desta noz:
outubro 25, 2008
sempre alerta!
enquanto me deleito com as cartas em Gatos Comunicantes [Assírio&Alvim, Fund. Arpad Szenes-Vieira da Silva], khalu faz que dorme e apanha ratos voadores...
outubro 23, 2008
outubro 19, 2008
Público [F.G.Lorca] antevisão
do segundo quadro (FP: figura de parras; FG: figura de guizos):
FG: Se eu me transformasse em nuvem?
FP: Eu transformava-me em olho.
FG: Se eu me transformasse em cáca?
FP: Eu transformava-me em mosca.
FG: Se eu me transformasse em maçã?
FP: Eu transformava-me em beijo.
FG: Se eu me transformasse em peito?
FP: Eu transformava-me em lençol branco.
Voz: Bravo! (sarcástica)
FG: E se eu me transformasse em peixe-lua?
FP: Eu transformava-me em faca.
FG: Mas, porquê? Porque me atormentas? Porque não vens comigo, se me amas, até onde te queira levar? Se me transformasse em peixe-lua, tu transformavas-te em onda do mar, ou em alga, e se quiseres uma coisa muito longe, para não desejares beijar-me, tu transformavas-te em lua cheia. Mas em faca? (...)
(...)
FG: Se eu me transformasse em nuvem?
FP: Eu transformava-me em olho.
FG: Se eu me transformasse em cáca?
FP: Eu transformava-me em mosca.
FG: Se eu me transformasse em maçã?
FP: Eu transformava-me em beijo.
FG: Se eu me transformasse em peito?
FP: Eu transformava-me em lençol branco.
Voz: Bravo! (sarcástica)
FG: E se eu me transformasse em peixe-lua?
FP: Eu transformava-me em faca.
FG: Mas, porquê? Porque me atormentas? Porque não vens comigo, se me amas, até onde te queira levar? Se me transformasse em peixe-lua, tu transformavas-te em onda do mar, ou em alga, e se quiseres uma coisa muito longe, para não desejares beijar-me, tu transformavas-te em lua cheia. Mas em faca? (...)
(...)
Miolo:
leituras,
teatro e dança
0
comments
outubro 17, 2008
Persona [Bergman], As Boas Raparigas
no Estúdio Zero, Porto até 2 de Novembro Terça a Domingo às 21h45 texto de Ingmar Bergman pela companhia As Boas Raparigas | Encenação: João Pedro Vaz Tradução: Armando Silva Carvalho Cenografia: Cláudia Armanda Design de Luz: Nuno Meira Sonoplastia: Luís Aly Figurinos: Catarina Barros Elenco: Maria do Céu Ribeiro e Sandra Salomé | [foto:AsBoasRaparigas] |
A actriz Elizabeth Vogler deixa de falar durante uma representação teatral de Electra. O seu mutismo em relação aos que a rodeiam é total, sendo então internada numa clínica. Não está doente, simplesmente optou pelo silêncio. Alma, uma jovem enfermeira, fica encarregada de tratar dela. Quando, a conselho médico, as duas se isolam numa ilha, passam a desenvolver uma intimidade e cumplicidade crescentes. Com isso estabelece-se uma constante troca de identidades.
Ingmar Bergman escreveu Persona para o cinema: "O que eu escrevi não é um argumento de um filme no sentido habitual do termo. É algo que se assemelha mais a uma linha melódica que irei orquestrar (...). Por isso eu convoco a fantasia do leitor ou do espectador a fazer uso livre dos elementos que coloco à disposição." [Lágrimas e Suspiros, Persona, Dependência, I.Bergman, Assírio&Alvim]
este pequeno enquadramento pode ajudar a desvendar as opções de encenação do texto, tarefa que exige alguma ousadia, sendo o filme de Bergman tão marcante e bem conseguido. o público do Estúdio Zero deve dividir-se entre os que viram o filme e os que o não viram, entre os que dele se abstraem e os que o têm presente. o que aqui escrevo não é imune às minhas memórias do filme ao longo do decorrer da peça - e se dele me tivesse esquecido, estava lá um televisor para mo lembrar.
imagino que Persona toque cada pessoa de forma diferente. fascinam-me: o processo de descoberta entre Alma e Elizabeth, a comunicação de extremos entre o silêncio de expressividade corporal e a voz, a busca do diálogo contrastando com a busca do silêncio. desde a primeira vez que vi Persona que procuro uma razão para que o silêncio vocal de Elizabeth não se estendesse também à escrita: existem as suas cartas, entre as quais Aquela que marca a dinâmica da história. mas acima de tudo isto fascina-me o processo de troca/assimilação de identidades.
quanto à peça, desempenhos fortes com uma cenografia que me pareceu algo exagerada. não encontrei referências para a intenção do trabalho de João Pedro Vaz. talvez tenha procurado distanciar-se o mais possível do filme. sendo essa a sua opção não me parece conseguida. o processo de assimilação de identidades não é tão bem conseguido, até confuso.
leio o final da peça como um trunfo a Alma que, pela assimilação da personalidade de Elizabeth, consegue desvendar a actriz. na peça tudo é dubio. Elizabeth surge vestida de Alma, mas o personagem não deixa de ser Elizabeth. Alma demonstra bem a assimilação da frieza e a crueldade, características psicológicas de Elizabeth.
a história é muito mais do que assimilações, cenários, jogos de luz: o peso da(s) farsa(s) que transportamos nas nossas vidas - na peça, a farsa na existência de Elizabeth Vogler - longa discussão para mesa de café.
a história é muito mais do que assimilações, cenários, jogos de luz: o peso da(s) farsa(s) que transportamos nas nossas vidas - na peça, a farsa na existência de Elizabeth Vogler - longa discussão para mesa de café.
gostava muito de ver este mesmo Persona de João Pedro Vaz com a actriz Maria do Céu Ribeiro no papel de Alma, e a Sandra Salomé no papel de Elizabeth. um desafio... talvez alguém ouça...
a não perder, as fotografias em exposição no Estúdio Zero!
Miolo:
imagens,
leituras,
teatro e dança
0
comments
outubro 14, 2008
Virginia Woolf e Vanessa Bell
- a very close conspiracy - de Jane Dunn, Virago Press ltd uma dupla biografia, não cronológica, organizada pelos seguintes temas: 1. oneness 2. the chrysalis is broken 3. us two against them 4. death and freedom 5. marriage and betrayal 6. work is the real thing 7. husbands and sisters 8. sons and lovers 9. art versus life 10. the plunge into deep waters 11. debts repaid | |
[ka,out08] |
esta leitura começou pelos bancos do aeroporto de gatwick, entrando pela madrugada dentro, na cumplicidade dos viajantes nocturnos que se deixam embalar com os ritmos das limpezas, dos seguranças, na noite em as férias foram dadas como terminadas. mas antes disso...
não sendo o género biográfico muito frequente nas minhas leituras, desencantei este livro na esperança de traçar, ainda que em cima do joelho, a rota que me levaria no encalço das marcas da existência de Virginia Woolf fora da grande metrópole. queria a imagem real da sua casa de campo e do rio, os lugares de acolhimento dos seus últimos anos (e dia) de vida. [a história da visita falhada não interessa aqui...]
ao longo das páginas da dupla biografia descobre-se a complexa, rica e interdependente relação que caracterizou a ligação das irmãs Vanessa e Virginia Stephens, a complementaridade das suas personalidades, o enquadramento na cultura das primeiras décadas do século XX, a riqueza do meio artístico da época numa rica luta de relevância entre intelectuais (escrita) e artistas (pintura), e sempre em fundo os valores da sociedade inglesa em mudança, e o peso da história familiar sempre tão marcada pelo espectro da perda pela morte.
o livro é indispensável para quem aprecia a escrita de Virginia Woolf.
a sua estrutura permite uma leitura não sequencial, temática.
ficam algumas notas citadas ao longo da dupla-biografia, dando um gostinho do que nele se pode encontrar:
carta de Virginia para Vanessa (1937):
"you cant think how i depend upon you, and when you're not there the colour goes out of my life, as water from a sponge; and I merely exist, dry and dusty. this is the exact truth: but not a very beautiful illustration of my complete adoration for you; and longing to sit, even saying nothing, and look at you"
Diário de Virginia Woolf... (1937)
'how do I mind death... there is a sense in which the end could be accepted calmly. that's odd, considering that few people are more immensely interested in life: & happy.'
Última entrada no Diário de Virginia, quando as memórias de infância voltavam a estar presentes, e pensando em Vanessa:
"to be one with the object one adored"
"how it would be if we could infuse souls"
Miolo:
leituras
0
comments
outubro 10, 2008
patrão fora, dia santo na casa...
ou: dias para "não existir"
ou: desvendar a mensagem escondida
ou: desvendar a mensagem escondida
eu não queria ficar em lx. não queria mesmo. não queria reuniões de última hora. não queria ter saudades de lisboa, enquanto olhava o tejo chumbo e prata salpicado de laranja, lua provocadora a dizer-me "fica". não queria sentir o bairro alto a preparar-se para a noite. queria aquela conversa e não queria contornos. queria mais energia. queria que o sem abrigo que assobiava tão emotivamente o êxito da brandi carlile fosse músico e tivesse o tal sorriso que ela canta. queria brincar com a inês e a plasticina ("prastapina?"). queria ter deixado o interruptor da televisão desligado. queria que a khalu não quisesse festa às 4h30 da manhã. queria que não houvessem chaves. queria que a khalu descobrisse como desligar a tv que ligou, a berrar na madrugada, em vez de esconder-se no canto do armário, enquanto os vizinhos tentam acalmar a ira de quem quer dormir e não pode.queria que a reunião tivesse sido rápida, sem conversa da treta. directos aos assuntos. sem louros. queria que o telefone não se desligasse quando não deve. queria ser teletransportada. queria não ter sono ao volante. não queria ficar com o polinho encostado na saída da a1, e ele que ameaçou-me seriamente - deve ter percebido que se se recusasse ao movimento eu ficaria petrificada na berma da estrada a pensar em misticismos. ainda assim....
agora está tudo calmo. faltam pouco mais de 6horas para acabar o dia. ainda haverá tempo para mais surpresas?
agora está tudo calmo. faltam pouco mais de 6horas para acabar o dia. ainda haverá tempo para mais surpresas?
outubro 07, 2008
"portugal vai escapar à recessão..." parece que diz victor constâncio...
Questionado sobre a possibilidade de Portugal entrar em recessão, o governador do Banco de Portugal disse não pensar nesse cenário para Portugal. «Não penso nisso», adiantou, lembrando que Portugal cresceu no segundo trimestre. (daqui)
VENHAM APRENDER CONNOSCO, que esperam?!
Questionado sobre a possibilidade de Portugal entrar em recessão, o governador do Banco de Portugal disse não pensar nesse cenário para Portugal. «Não penso nisso», adiantou, lembrando que Portugal cresceu no segundo trimestre. (daqui)
VENHAM APRENDER CONNOSCO, que esperam?!
Miolo:
dispersos
0
comments
um clássico
Catherine Holly : Is that what love is? Using people? And maybe that's what hate is - not being able to use people.
Suddenly, Last Summer (1959)
a partir da peça de Tennessee Williams,
argumento: Tennessee Williams e Gore Vidal
realização: Joseph L. Mankiewicz
a partir da peça de Tennessee Williams,
argumento: Tennessee Williams e Gore Vidal
realização: Joseph L. Mankiewicz
Miolo:
imagens,
leituras
0
comments
outubro 05, 2008
se esta rua fosse minha...*
já tinha saudades de me abandonar à noite, abdicando de alguns racionalismos, inspirando os sons, as cores, as vozes, ingerindo um pouco sem ameaçar em demasia o resultado do balão, com risos, sorrisos, gargalhadas, conversa despreocupada, pés de dança. até que a noite decidiu envolver-nos com as suas mãos mais frias. para trás encontros e reencontros, os você a transformarem-se em tu, a latinha azul a circular de mão em mão, golpes de vista a galgar lugares na fila da barraquinha dos finos, o matraquear das piruetas matraquilhadas do derby de pequenas barbies, fotógrafos apanhados em flagrante e em out of focus, a culminar com toda a malta a vibrar com os the urban voodoo machine. mesmo quem dizia que não queria ou já não podia. obrigada a todos! abraço gigante!!!
e para culminar, o verdadeiro teste. uma buzina, um vulto de carro, um estrondo, um sorriso incrédulo, um espelho em cacos, uma carcaça azul a voar na noite. que se lixe. não haveria retrovisor voador que me mudasse o estado de espírito. além de que o mundo multireproduzido nos cacos sobreviventes tem muito mais interesse. um espelho é um espelho é um espelho é um espelho... |
outubro 04, 2008
prémios IgNobel 2008
um pouco de IgCiência, para variar: dia 2 de Outubro foram anunciados os prémios IgNobel 2008. ficam aqui as ideias dos trabalhos premiados. para mais info seguir o link.
- Biologia:
descoberta de que as pulgas dos cães saltam mais alto do que as pulgas dos gatos. - Nutrição:
transformação do som de uma batata frita, electronicamente, para que a pessoa ao mastigar a batata acredite que é mais estaladiça e fresca do que de facto é. - Economia:
descoberta da influência do ciclo-ovulatório das profissionais de dança do ventre sobre as suas gorjetas. - Física:
prova matemática de que cordas e cabelos, ou praticamente tudo, acaba inevitavelmente por enrolar-se em nós. - Medicina:
demonstração de que medicamentos falsos de preço elevado são mais eficazes que os medicamentos falsos de baixo custo. - Química / 2 prémios:
1) descoberta da Coca-Cola como um espermicida eficaz;
2) descoberta da Coca-Cola como um espermicida ineficaz - Literatura:
premeia o estudo intitulado "You Bastard: A Narrative Exploration of the Experience of Indignation within Organizations." - Arqueologia:
medição de como o curso da História, ou pelo menos dos conteúdos de uma escavação arqueológica, podem ser baralhados pela acção de um armadilo. - Ciências Cognitivas:
descoberta da capacidade de resolução de puzzles de organismos microbiológicos.
Miolo:
dispersos
0
comments
outubro 01, 2008
Subscrever:
Mensagens (Atom)