dezembro 31, 2010
dezembro 19, 2010
dezembro 03, 2010
quebrar o gelo
o kasca deixou-se invadir por uma brisa precoce, fria, outonal, silenciosa. como o silêncio a que me apetece devotar. vontade de aprender tanta coisa, mas sinto os neurónios em declínio e as horas racionais do dia a evaporar.
há dias diferentes. uma tarde arrastada para fora do antro vici(ado)/(ante) de trabalho, e dou por mim em mergulho numa nuvem de assador de castanhas de rua, friccionando as palmas das mãos à espera de um cartucho de quentes e boas. bem assadas. dispenso o truque recentemente aprendido do murro certeiro que descasca castanhas num abrir e fechar de olhos. eram mesmo quentes e boas.
pequenos prazeres de outono, à espera, numa esquina. e uma vontade enorme de os desenhar...
faça-se do silêncio um espaço um pouco mais preenchido:
[Arvo Part, Alina, Spiegel im Spiegel]
(continuo a cruzar-me com espelhos)
outubro 07, 2010
outra Coisa que Nunca [Inês Lourenço]
PARA UM ESPELHO
Cansado de reflectir a imagem alheia,
despenhei-me no soalho
ao encontro da minha.
[in Coisas que Nunca, Inês Lourenço]
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outubro 04, 2010
algumas Coisas que Nunca [Inês Lourenço]
SALA PROVISÓRIA
Nunca se sabe
quando estamos num lugar
pela última vez. Numa casa
que vai ser demolida, numa sala
provisória que vai encerrar, num velho
café que mudará de ramo, como
página virada jamais reaberta, como
canção demasiado gasta, como
abraço tornado irrepetível, numa
porta a que não voltaremos.
[in Coisas que Nunca, Inês Lourenço, 2010]
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setembro 29, 2010
setembro 19, 2010
setembro...
o verão já partiu pela linha do horizonte. fica-nos a luminosidade de setembro, tons dourado muito esbatidos, sombras fortes e saudosas. cheiros de mar mais intensos com piados de gaivota reconquistam a costa, enquanto as mãos, em braços recobertos de algodão branco, reencontram nos bolsos pequenas pedras ou mensagens escritas perdidas.
não faço a despedida ao verão. eu nunca me despeço. adeus pertence à classe das minhas palavras proibidas, assim como despedir pertence à classe dos verbos proibidos. guardo os óculos no bolso para que se possa cumprimentar o vento. voltarão ao rosto, ampliando os olhos e a inquietação.
não há tempo para um adeus. apenas a espera pelo outono que chegará breve, vestido a cores fortes. virão o aconchego das lãs, o fresco no rosto, os cabelos molhados.
saudade é a palavra que cobre completamente adeus e despedida.
outono, quando chegas?
outono, quando chegas?
[ka07@porto]
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setembro 18, 2010
acerca de sapatos [Andreia C. Faria]
a escritora vai espreitando... a mão parece sair cuidadosamente de dentro de um rasgo em folha de papel pardo amarrotada, caída no chao... tacteia novas sensações. no rasto dos dedos ficam castelos de palavras cheios de vida nos seus salões...
a escritora volta em força e está na rua.
quero mais!
a escritora volta em força e está na rua.
quero mais!
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setembro 07, 2010
numa esquadra...
... o agente (trinta e poucos anos, bem parecido) consulta o meu b.i., completa as entradas no processo de uma certa participação, passou os olhos pela entrada da naturalidade,
évora(sé), évora... e pergunta--me:
... e olha para mim, baralhado. balão de pensamento sobre a minha cabeça:
... respondi com alguma condescendência, cinismo, e incredulidade.
évora(sé), évora
- évora, (hesitação) é no distrito de (hesitação)(espera)....
... e olha para mim, baralhado. balão de pensamento sobre a minha cabeça:
évora fica no meu alentejo, oh morcão!!
... respondi com alguma condescendência, cinismo, e incredulidade.
setembro 06, 2010
Ibéria [Peripécia Teatro]
agradável surpresa, que parece andar longe dos palcos do porto e arredores.
a companhia Peripécia Teatro apresentou nos dias 2 e 3 de setembro, em Vila Real, o seu espectáculo Ibéria, a louca história de uma península, espectáculo originalmente produzido em 2004.
os actores, um português e dois espanhóis, contam de forma engenhosa, artística, cómico-dramática, vários episódios da história comum aos países ibéricos **. são arrojados. não tomam partidos. críticos. não se pode dizer que seja comédia ligeira. mas o espectáculo, que vive dos próprios actores e alguns objectos, poucos, está magnificamente encenado. o movimento do corpo em alguns momentos em tom de performance arrojada e sincronizada, ocupa todo o espaço de um palco vazio. basta-lhes algum trabalho de luz. e o resto
são cerca de 75 minutos bem humorados.
são cerca de 75 minutos bem humorados.
o texto é resultado da (excelente) criação colectiva dos próprios actores.
se eles estiverem próximos, não deixem de espreitar o seu trabalho!
** batalha de salado; inês de castro; viriato e numancia; batalha de aljubarrota; descobrimentos; tratado de tordesilhas; dinastia filipina; o milagre.... e muitos bons pequenos "mais"
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Janis e a Tartaruga: as palmas são para a Carla Galvão
"Janis e a Tartaruga" esteve em Matosinhos, em reposição, nos dias 2-4 de Setembro.
É verdade que deixa plateias contentes, a aplaudir em pé, mas a meu ver as felicitações são maioritariamente dirigidas à actriz Carla Galvão pelo seu excelente trabalho. O texto, da autoria de Pedro Pinto e Filipe Pinto, baseia-se numa boa ideia mas falha na sua concretização. É óbvio nas escolhas contextuais e não explora significativamente a personagem e a música de Janis Joplin. A encenação de Luisa Pinto bem que podia dispensar as imagens projectadas. Gostei do carrossel de cadeiras. Gostei da mala. Não era necessário muito mais. A Carla preenche todo o palco.
Já antes, em Mil Olhos de Vidro, fiquei exactamente com a mesma sensação: os irmãos Pedro e Filipe Pinto partiram de uma excelente ideia, mas falharam a concretização do texto, a concretização da peça.
Ainda assim, Janis e a Tartaruga provocou reacções no público do Constantino Nery. Em especial na cena em que Janis apanha a boleia de uma jovem que acabou de perder o namorado suicida - alguém lá para trás na sala esvaziou e voltou a encher a sua mala, completamente, para não ter de olhar para o palco - e também na cena da boleia com o jovem branco, de fato preto, Bíblia no colo, e todo o discurso em torno do choque entre brancos e pretos - mas acho que os comentários se dirigiam aos adereços e às vestimentas de Janis na cena.
Enfim...
As minhas palmas foram maioritariamente para a Carla Galvão e é ela que eu felicito.
Continua com o bom trabalho!
É verdade que deixa plateias contentes, a aplaudir em pé, mas a meu ver as felicitações são maioritariamente dirigidas à actriz Carla Galvão pelo seu excelente trabalho. O texto, da autoria de Pedro Pinto e Filipe Pinto, baseia-se numa boa ideia mas falha na sua concretização. É óbvio nas escolhas contextuais e não explora significativamente a personagem e a música de Janis Joplin. A encenação de Luisa Pinto bem que podia dispensar as imagens projectadas. Gostei do carrossel de cadeiras. Gostei da mala. Não era necessário muito mais. A Carla preenche todo o palco.
Já antes, em Mil Olhos de Vidro, fiquei exactamente com a mesma sensação: os irmãos Pedro e Filipe Pinto partiram de uma excelente ideia, mas falharam a concretização do texto, a concretização da peça.
Ainda assim, Janis e a Tartaruga provocou reacções no público do Constantino Nery. Em especial na cena em que Janis apanha a boleia de uma jovem que acabou de perder o namorado suicida - alguém lá para trás na sala esvaziou e voltou a encher a sua mala, completamente, para não ter de olhar para o palco - e também na cena da boleia com o jovem branco, de fato preto, Bíblia no colo, e todo o discurso em torno do choque entre brancos e pretos - mas acho que os comentários se dirigiam aos adereços e às vestimentas de Janis na cena.
Enfim...
As minhas palmas foram maioritariamente para a Carla Galvão e é ela que eu felicito.
Continua com o bom trabalho!
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agosto 16, 2010
the treat of the day
foi durante uma destas tardes... os dias têm estado quentes, mas também muito húmidos para azar do transeunte (a rondar os 72% de humidade).
o sol convida.
o ar saturado desencoraja.
deixei o buggy azul no parque e refugiei-me no ar condicionado do CoffeeCafe, balde de café para despertar, e uma lime pie para "refrescar". sentada no cantinho da coffee shop, numa mesa e cadeira de pés altos, à janela. lá dentro, a lareira suspensa rodeada de sofás de couro unipessoais, aleatoriamente ocupados por gente relaxada em torno dos seus cafés com livros ou computadores... e logo ao lado, no espaço ainda central da sala, uma parede de vidro a dar suporte a uma cascata de água que se estende do tecto ao chão. relaxante, e o som da água suficientemente refrescante. algumas mesas normais, quadradas, 3 - 4 cadeiras, onde decorriam reuniões de trabalho informais, encontros de amigos, gente a trabalhar nos seus computadores completamente equipados de auscultadores e microfones, estudantes em torno de pastas. mesmo ao meu lado, uma porta comunicante para uma livraria de usados, onde quebrei a promessa de não comprar livros nesta viagem. foi uma boa escapadela aos gatos, ao lago, e à lazeirisse das manhãs e tardes de relax total
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agosto 15, 2010
... e sobre os pré-rafaelitas
... grupo fundado em Inglaterra em 1848 por Dante Gabriel Rosseti, William Holman Hunt e John Everett Millais e dedicado principalmente à pintura que surge como reacção à arte académica inglesa que seguia os moldes dos artistas clássicos do Renascimento. Inseridos no espírito revivalista romântico da época, os pré-rafaelitas tinham como objectivo devolver à arte a sua pureza e honestidade que consideravam existir na arte medieval do Gótico final e Renascimento inicial. Auto-denominaram-se como pré-rafaelitas, realçando o facto de se inspirarem na arte anterior a Rafael, artista que tanto influenciava a academia inglesa.
(...) o grupo não se revelou homogéneo nas suas produções: Millais e Holman Hunt dedicaram-se aos temas e problemas da sociedade, cada vez mais materialista, através de representações realistas, enquanto Rossetti e Edward Burne-Jones dedicaram-se a temas medievais inspirados em Dante, em lendas, cenas religiosas.
Quanto a Adoecer, é Ophelia, pintada por John Everett Millais, e a modelo que a impersonou, que estão na base da obra da escritora Hélia Correia.
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complementos à leitura de Adoecer
One face looks out from all his canvasses,
One selfsame figure sits or walks or leans;
We found her hidden just behind those screens,
That mirror gave back all her loveliness.
A queen in opal or in ruby dress,
A nameless girl in freshest summer greens,
A saint, an angel; -- every canvass means
The same one meaning, neither more nor less.
He feeds upon her face by day and night,
And she with true kind eyes looks back on him
Fair as the moon and joyfull as the light;
Not wan with waiting, not with sorrow dim;
Not as she is, but was when hope shone bright;
Not as she is, but as she fills his dream.
[Christina Georgina Rosseti [1830-1894]]
One selfsame figure sits or walks or leans;
We found her hidden just behind those screens,
That mirror gave back all her loveliness.
A queen in opal or in ruby dress,
A nameless girl in freshest summer greens,
A saint, an angel; -- every canvass means
The same one meaning, neither more nor less.
He feeds upon her face by day and night,
And she with true kind eyes looks back on him
Fair as the moon and joyfull as the light;
Not wan with waiting, not with sorrow dim;
Not as she is, but was when hope shone bright;
Not as she is, but as she fills his dream.
[Christina Georgina Rosseti [1830-1894]]
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à procura de Patriarche Park...
... encontro uma obra de criatividade urbanística:
ainda pensei que era distorção do satélite, mas só até começar a ler o nome das ruas.
ainda pensei que era distorção do satélite, mas só até começar a ler o nome das ruas.
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agosto 12, 2010
Zaha Hadid em East Lansing, MI, USA
os projectos de Zaha Hadid são simplesmente fantásticos. a página oficial apresenta imensas informações sobre os projectos arquitectónicos idealizados pela sua equipa. muitos deles não chegarão a ver a luz do dia, mas indiciam um caminho possível para a arquitectura futurista, muito de encontro ao imaginário da ficção científica. apetece viajar para dentro das maquetas e dos filmes virtuais de Zaha Hadid. pessoalmente, prefiro os projectos de linhas mais fluidas.
Michigan State University irá marcar o seu campus com uma das criações de Hadid - ainda que não seja uma das suas criações mais espectaculares - e que irá albergar o Eli and Edythe Broad Art Museum.
o edifício será construído em aço e betão, e os exteriores serão em metal e vidro. as construções podem ser acompanhadas ao longo dos meses a partir de webcam, mas o edifício já pode ser visitado virtualmente:
Michigan State University irá marcar o seu campus com uma das criações de Hadid - ainda que não seja uma das suas criações mais espectaculares - e que irá albergar o Eli and Edythe Broad Art Museum.
o edifício será construído em aço e betão, e os exteriores serão em metal e vidro. as construções podem ser acompanhadas ao longo dos meses a partir de webcam, mas o edifício já pode ser visitado virtualmente:
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boas-vindas da puki
a puki necessitou de alguns dias, uma boa escovagem e alguma preguiça matinal para me dar as devidas boas vindas ronronadas... estava eu nas minhas leituras quando ela chegou, enroscou-se no meu colo, ronronando, espreguiçando, ora virando-se para um lado, ora virando-se para o outro, "cardando" entre posições. um mimo.
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agosto 09, 2010
regresso aos livros
(...)
Os Siddal não seriam gente para tal espectáculo. Responderiam com puxões de orelhas às perguntas dos filhos. No entanto, tinham eles próprios a compreensão de que a severidade não bastava para salvar as crianças. Existia uma espécie de impulso para as trevas que era fornecimento do diabo mas contra o qual a fé cristã nada podia. Lizzie, que andava muito de olhos baixos, parecia estar especialmente em perigo.
(...)
[in Adoecer, de Hélia Correia]
Os Siddal não seriam gente para tal espectáculo. Responderiam com puxões de orelhas às perguntas dos filhos. No entanto, tinham eles próprios a compreensão de que a severidade não bastava para salvar as crianças. Existia uma espécie de impulso para as trevas que era fornecimento do diabo mas contra o qual a fé cristã nada podia. Lizzie, que andava muito de olhos baixos, parecia estar especialmente em perigo.
(...)
[in Adoecer, de Hélia Correia]
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agosto 08, 2010
cat styling
o (bo)neco era, em 2007, um gato peludo, mimoso, recatado e tímido. foi recentemente à tosquia. vejam-se as diferenças:
mas não foi uma tosquia cega à personalidade do gato! o styling permitiu manter a sua personalidade de gatarrão de 5 anos, mantendo o seu espírito mimoso, e peludo.
quanto ao recatado e tímido, esqueçam! a operação de styling revelou uma nova atitude e personalidade. o neco marca a sua presença e imponência, é brincalhão, é mimalhão, preguiça qb. mas é um gato libertado!
mas não foi uma tosquia cega à personalidade do gato! o styling permitiu manter a sua personalidade de gatarrão de 5 anos, mantendo o seu espírito mimoso, e peludo.
quanto ao recatado e tímido, esqueçam! a operação de styling revelou uma nova atitude e personalidade. o neco marca a sua presença e imponência, é brincalhão, é mimalhão, preguiça qb. mas é um gato libertado!
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agosto 07, 2010
sugestão para a CP
in consideration of all passengers please limit your cell phone usage to one minute ... or less!
(Michigan Flyer, numa viagem de cerca de duas horas)
nota: não houve um único telefone a tocar ou vozes a tentarem introduzir-se nos minúsculos microfones dos referidos aparelhitos.
(Michigan Flyer, numa viagem de cerca de duas horas)
nota: não houve um único telefone a tocar ou vozes a tentarem introduzir-se nos minúsculos microfones dos referidos aparelhitos.
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agosto 05, 2010
a tecla "G"
uso este teclado praticamente há um ano. não utilizo muito a retro-iluminação. mas com a mosquitada e o calor, é sem dúvida uma ferramenta útil para escrita tardia.
claramente, a tecla G parece ser preterida na azáfgama da escrita - agora imiscuiu-se aqui o g no meio da azáfama - não o apago. a bem escrever, neste texto apenas necessitaria de uma única utilização desta letra. quantas entradas existirão no nosso dicionário com a letra inicial G? qual a fracção da sua utilização?
G
de gaiola, gaveta, graxa, gume, gomo, gargalhada (tem 2!), gengibre (também!), gin, gola-de-tartaruga.....
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o esvaziar do copo
gosto particularmente do mergulhador. foi colorido em pleno alentejo, com temperaturas a rondar os trinta e tal graus à sombra do fim de tarde quente e sem qualquer aragem, com aguarelas, ceras e lápis de cor. os outros são obra minha e da inês. notem-se os traços intensos da pintura da inês, que ainda assim respeitou a delimitação das linhas. eu não arrisco muito, apenas nos matizes de cores sobre cores.
que interessa: momentos de paz e satisfação. seria de mais dizer que é um regresso à escola ou à infância, mas é muuuuuuuuuuuuuuito terapêutico. isso posso garantir.
agosto 04, 2010
agosto 03, 2010
dream catcher
mesmo à porta de férias, chega-me em mãos este lindo espanta espíritos do Canadá. e vem bem a propósito. uma pequena benção e energia positiva para um período de descanço e necessário abrandamento.
diz-se que alteram os sonhos: que os sonhos maus, pesadelos, ficam cativos na rede, e que se dissolvem com a luz do dia, enquanto que os bons sonhos atravessam a rede, deslizando pelas penas até à dorminhoca...
vou ter de o mudar de sítio para aproveitar a boleia descendente. ainda assim, faz-me sorrir.
diz-se que alteram os sonhos: que os sonhos maus, pesadelos, ficam cativos na rede, e que se dissolvem com a luz do dia, enquanto que os bons sonhos atravessam a rede, deslizando pelas penas até à dorminhoca...
vou ter de o mudar de sítio para aproveitar a boleia descendente. ainda assim, faz-me sorrir.
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junho 23, 2010
junho 11, 2010
10 de junho, com "sabom"
e passou o dia de Portugal! mais um feriado, mais uma ponte - para quem ousou aproveitá-la, chuva, blocos noticiosos entre a desgraça do discurso político - "eu avisei-vos!", dizia o PR - e o suposto optimismo vuvuzelado da bola.
os feriados já chateiam, atrapalham, estragam a agenda. há uma semana inquiria conhecidos sobre o cumprimento da devoção religiosa do Corpo de Deus, enquanto tentava apagar a imagem de uma praia apinhada de cabeças, guarda-sóis, toalhas e banhos... tudo isto à primeira subida de temperatura digna de rótulo veraneante.
pensando bem, deus é majestoso e o sol tinha de brinda-lO com toda a solenidade.
já o 10 de junho esteve à altura do país de tanga... chuv(r)oso, frio, ameaçador...
à falta de condições para praia, aproveita-se para cheirar os restos do Sr de Matosinhos: não é que descobrem-se boas soluções para os problemas da nação, e regressa-se a casa com um sorriso e confiança refeita?!
para o nosso primeiro ministro, que tal um par de pistolas de intimidação para utilizar junto das agências internacionais de rating? só custa 5 Euros, e ninguém vai preso: fáz bolinhas de sabom...
ainda para o nosso primeiro e seu braço DIREITO: umas cestas da fortuna. cada, só dois euróis e meio! com jeito ainda dão a volta ao feirante e conseguem um preço mais em conta para as contas públicas nacionais...
a nós, comuns cidadãos tributados e pagantes, restam-nos mezinhas de outros calibres, sugerindo-se à cabeça uma mancheia de pretos da sorte - quem terá inventado esta? -
5 pretos, 5 euróis... tanto quanto o projector de sabom!
se a sorte não chegar... corre-se atrás do frango e do grilo... para o primeiro, uma magnífica peça de sangramento, o mata-frangos; para o segundo, uma pequena gaiola a fazer lembrar os tempos de criança da palhinha atrás da orelha e dos cacarejados em paisagens alentejanas.
enfim, alimento e distracção.
este é o meu País. quero celebrá-lo com espírito mais positivo. gosto desta terra, e destas gentes.
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junho 08, 2010
de volta, eléctrica, e violeta
...
hanging from chandeliers
same small world at your heels
hanging from chandeliers
same small world at your heels
all the very best of us string ourselves up for love
...
[ka@08_Cadeia da Relação do Porto]
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março 26, 2010
sobre livros...
O livro, para mim, é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objeto que, uma vez inventado, não muda jamais. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído.
[Umberto Eco, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo]
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fevereiro 28, 2010
teatro dos aloés & carla galvão & público de teatro
a companhia teatro dos aloés esteve no porto, teatro carlos alberto, nas últimas duas semanas. apresentou duas peças escritas recentemente: facas nas galinhas (1995), do escocês David Harrower, e canção do vale (1996), do sul-africano Athol Fugard. teatro humanista. e teatro de sonhos. comum às duas histórias o estímulo que impele a seguir os grandes sonhos que dão sentido à vida. e para além do texto, excelentes encenações, cenografias, produção.
também comum às duas peças, a presença em palco de carla galvão. e que desempenho! não espanta descobrir que carla recebeu recentemente dois prémios (Associação Portuguesa de Críticos, e Prémio Santareno de Teatro - Revelação).
[imagem de facas nas galinhas, ©teatro dos aloés]
o único aspecto triste a marcar é a ausência de público na sala do teatro carlos alberto. nas duas sessões que assisti, não eramos mais de 20 no total. talvez tantos quanto a equipa de produção e actores. que se passa? onde anda o público que esgota o teatro nacional são joão quando os grandes nomes** sobem até ao porto? só vai ao teatro ver celebridades? não quer conhecer as celebridades do futuro? pois se gostam de teatro, foi uma pena não encherem também o carlos alberto.
** gosto de Eunice Muñoz, e tenho um fascínio particular pelos livro e peça de teatro "the year of magical thinking" de Joan Didion, mas não consegui ver o trabalho apresentado no tnsj, de tão esgotado que esteve. pergunto-me:
quantos terão sentido vontade de sair?
quantos terão ficado mesmerizados?
quantos terão chegado a casa e tentado ler o livro (já traduzido em portugal)?
quantos terão sentido vontade de sair?
quantos terão ficado mesmerizados?
quantos terão chegado a casa e tentado ler o livro (já traduzido em portugal)?
há algo que não está bem. nada pior do que encenar uma peça e não ter público para vê-la. especialmente quando se trata de um excelente trabalho de grupo.
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fevereiro 26, 2010
Alan [TUP/António Júlio]
uma boa foto (do TUP) para ilustrar uma boa noite de teatro.
de chegar a casa e trazer todo o Tow Waits existente para nossa companhia.
no Porto, até 28 de Fevereiro, 22h, Fundação José Rodrigues
não perder!
Depois de meses a estudar o músico Tom Waits, as suas composições, letras e personagens, o Teatro Universitário do Porto apresenta "ALAN". ... [TUP]
fevereiro 21, 2010
soprado...
... com muita letra para aqui:
impregna-se como a silhueta de uma árvore possante, despida, na borda da estrada.
impregna-se como a silhueta de uma árvore possante, despida, na borda da estrada.
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janeiro 19, 2010
janeiro 16, 2010
for cat lovers [pedro serrazina]
de Pedro Serrazina com música de Manuel Tentúgal e a voz de Joaquim d'Almeida, o enternecedor
Estória do Gato e da Lua
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cratera em palco... [teatro bruto / valter hugo mãe]
ainda não desisti de valter hugo mãe, apesar da experiência desta noite.
(em voz off: who cares!?!?)
nome da peça: cratera, as crianças com segredos
autor: valter hugo mãe
encenação: Ana Luena
intérpretes: Carlos António, Pedro Mendonça e Sílvia Silva
produção: Teatro Bruto
local: Fundação Escultor José Rodrigues/Fábrica Social, Porto
até: 23 de Janeiro 2010.
não há muito a dizer. dos cerca de 55 minutos gostei da música original de Sérgio Martins e Rui Lima. o resto, trabalho difícil dos actores a partir da adaptação (ou) de um texto de Valter Hugo Mãe pouco sustentado, muito aquém da sinopse apresentada pelo autor, com meia dúzia de lugares comuns, pouco ritmo, limitado nas ideias. expectativas completamente defraudadas. ainda não desisti de encontrar VHM, mas não será por aqui...
sinopse de valter hugo mãe:
A mulher, como belo sexo, suporta também a condenação de o ser, suscitando os mais extremos desejos do homem, por vezes ao limite das coisas, ao limite da morte. O mundo persiste falocrático e a mulher prossegue como adorada e menosprezada ao mesmo tempo.
cratera, as crianças com segredos, propõe uma maneira mais difícil de ver uma mulher. Propõe que ela seja vista através de um homem, um actor que, nada disfarçando-se, é beatriz, a irmã de um estranho miguel que, na ausência dos pais, toma as rédeas da família que resta. miguel diz à irmã que os homens sempre olham para as mulheres como se estas estivessem nuas, e beatriz pensa que melhor seria se fosse também um homem para poder sair livremente à rua, sem perigo. Mas o perigo, aqui, vem de quem se espera cuidado, vem dessa louca e complexa componente do amor, a posse, que, degenerando, facilmente chega ao grotesco e ao desumano.
Esta mulher, que somos obrigados a ver através do corpo de um homem e, por isso, nos custa despir, é uma manifestação simples do desespero de se ser aprisionado por um desejo desequilibrado. É uma mulher no mundo de um homem, como se a existência, em si mesma, fosse domínio dos homens e a eles apenas devesse prestar contas.
Esta mulher, que somos obrigados a ver através do corpo de um homem e, por isso, nos custa despir, é uma manifestação simples do desespero de se ser aprisionado por um desejo desequilibrado. É uma mulher no mundo de um homem, como se a existência, em si mesma, fosse domínio dos homens e a eles apenas devesse prestar contas.
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janeiro 03, 2010
Fernando Lemos: fotografia
a propósito da exposição patente em Famalicão até dia 26 de Fevereiro na Fundação Cupertino de Miranda, deixo dois "rebuçados" para quem ainda não teve tempo de lá dar um "salto": a mostra revisita a obra fotográfica de Fernando Lemos, desenvolvida entre os anos 49-52. a obra transcende a fotografia, e surge naturalmente como mais um capítulo do surrealismo português. não se trata de mero Photoshop analógico de técnicas de exposições múltiplas, mas de estratégias para ...
... rasgar o ofício de ver [*]
terá Fernando Lemos deixado a câmara de lado após esta surpreendente obra?
Fernando Lemos, por ele mesmo:
[*] atribuído a Herberto Helder, no catálogo Fernando Lemos e o Surrealismo
Miolo:
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