dezembro 29, 2009

natal bem passado, em repetição quase contínua...

... sobrinha assim o exige!



As Triplets de Belleville, com Champion, Mme Souza (lêr Souzá) e Bruno, de Sylvain Chomet (2003).

dezembro 14, 2009

haiku "IPO Francisco Gentil"

segunda feira,
vento frio, dia de sol
- transbordam carros

dezembro 08, 2009

tic tac hip...noise void

podia estar ali horas. um corredor de fotos de familia a nu, de bebé até à velhice. um afunilado corredor. em curva. a terminar numa sala escura, por sorte vazia. no centro o chamamento do relógio, bancos para a contemplação. silêncio bem musicado - não com craig armstrong.
a cada detalhe, associações sobre a longevidade, o ritmo, o esforço, a precisão, a estabilidade, a garantia, a manutenção, e a cadência ad aeternum daquele pequeno indivíduo subindo e caíndo no engenhoso pêndulo. coisas da vida.
sim, podia estar ali horas. hipnotizada.


[ka@museu de ciência The Universum, em Bremen, nov09]

novembro 17, 2009

Aheym, Bryce Dessner, Kronos Quartet

os manos, conheci-os através dos The National. o nome do mano Bryce saltou num concerto recente de Kronos Quartet, quando se anunciou a autoria de uma das peças da noite, Aheym.

precisei de um certo tempo para procurar mais informação sobre as composições de Bryce. os Kronos continuam em digressão, e sem dúvida que já não são só os Sigur Ros, por eles magnficamente interpretado, que despertam muita curiosidade. Aheym é sempre uma das peças de cartaz.

já lá vão meses, e não posso recordar a música. lembro-me apenas do desafio ritmado e da simultânea introspecção acelerada a que a música transporta. vou ter de esperar ainda mais um pouco para a poder rever na net ou em cd.

entretanto, deixo outros sons dos manos Bryce e Aaron Dessner [MusicNOW 2009 Impromptu Jam - Bryce & Aaron Dessner, Richard Reed Parry from Jesse King on Vimeo]

.


braseiro matinal

cinco graus lá fora - dorme-se fundo desse lado, mas aqui um novo dia começa - queima
imagens roubadas a um discreto amanhecer - de arrancar um sorriso longo - preguiçoso

[ka@Bremen09]

jardim zoológico de cristal [Tenesee Williams ]

Tennessee Williams nos palcos portugueses, encenado por Nuno Cardoso, e com Maria do Céu Ribeiro, Micaela Cardoso, Luís Araújo e Romeu Costa.

não deixar escapar!



braga, theatro circo, 20 e 21 de novembro
porto, estúdio zero, 3-13 de dezembro
aveiro, teatro aveirense, 19 de dezembro
lisboa, teatro taborda, 6-16 de janeiro (10)
portimão, teatro, 23 de janeiro (10)

mais informações aqui...

outubro 21, 2009

prelúdio de outono

e tudo se juntou em minutos - sons - imagens
palavras - cores - emoções - histórias
realidade - ficção


imagens mentais - uma sala na penumbra, chão em madeira escura, envernizada mas muito antiga - presente, a mancha escura da porta da fuga , invisível - um rasgo de luz dourada, iluminando o chão - uma mão em choque a rasgar o dia a luz a confusão a casa subitamente esvaziada - uma chave abandonada bem no centro dessa mancha de luz - chave em que se condensam décadas de proximidade, uma mentira, ou uma promessa - arrepio - chega o outono

sons mentais - uma voz distante - telefone - a inflexão na voz - a promessa do fim - o 'não dito' mais claro alguma vez ouvido a reverberar - a 'questão'

o baixo em quíntuplas, as palavras e o som repescado da caixa, embalo reconfortante...

[Beth Gibbons & Rustin Man]
[Drake (Out Of Season)]

o contraste da luz com sol bem dourado ao longo da estrada, entre plátanos ainda vestidos. circunvalações reais e outra vez mentais.

o início de uma tarde de outono, a estação.

gravar na alma: é pela perda que nos encontramos.

novamente a voz de beth gibbons a contornar as ideias, levemente, pacificando todas as sensações, em quíntuplas no baixo.


...

...Turning now she caught his eye For all he knows he cannot see Pleasures smoulder inside Cover seasons that fell from view Long ago

Blame on your heart But then you know that now What do you do You hide lies inside Why do you do that I don't know why How long did i know you For i don't know why you had to go If only you had told her The words to enfold her Long ago

She took a breath and she never spoke The words that tasted like to know she told a matinee
There was an odour/Unannounced anyway But you can take and you can see There's never enough of love for destiny Don't look back from day to day What i noticed wasn't me Strangers they'll part again They'll never know For all the years they've disguised inside Knowing their years of loss remain

How long did i know you For i don't know why you had to go If only you had told her The words to enfold her Long ago

setembro 22, 2009

sotaque, em português galego [belém de andrade]


este poema foi achado numa visita à galiza (ourense),
declamado pela autora com muita e boa "solêra".
uma mostra da influência e gosto pelo português, na galiza.
a dedicação à causa da lusofonia ficará para depois...


Eu queria ter sotaque da costa
chamar-te corasom e falar-te ao ouvido de gaivotas
ondas de dois a quatro metros

marujia e mar de fundo.
Queria levar-te na barca barca num dia de sol,
ensinar-te a pescar e chamar cada peixe pelo seu nome

faneca, castanheta, maruca, andorinha do mar.
Queria ter sotaque da costa.
No lugar disso
tenho-te que dizer que ardeu o monte que minha mãe herdou de meu avó,
esse no que andava-mos as pinhas cada verão;

minha tia trazia um saco grande de papel para cada um,

os que comprava com a farinha para os porcos.
Agora não tem porcos.

No mar ainda há peixes!

Queria saber o que sentem os meninos da costa
quando seu pai embarca para regressar só no Natal

deixando-os com a sua mãe.

Meu pai embarcou sim mas ele embarcou no aeroporto de Santiago
e voltava uma vez por ano,
com minha mãe

porque ela
embarcou com ele.

Mas eu não tenho sotaque da costa.
Será coisa de minha mãe ter embarcado com ele;

se calhar
o sotaque o transmitem as mães,
não sei.

Havia uma parte do monte
que mesmo parecia costa
caminhavas, e no final
as rochas frias rompiam no bacio de jeito vertiginoso,
nos dias de sol em que o ceo era azul,

para mim era o mar.
Na costa ainda há mar.
Queria ter sotaque da costa
para falar com minha mãe de como eram as suas viagens,
de quando meu pai voltou na adega do avião,
e dos dias
nos que o sotaque do interior
ainda estava vivo.


Belém de Andrade, 34 anos, poeta desde os 11, recita poesia por toda a Galiza e Portugal, colaboradora em publicações escritas e blogues com outros autores galegos.

agosto 29, 2009

sobre mimos

há Aquele dia em que assumimos uma certa responsabilidade, caída do nada. um toque de botãozinho interior tão delicado e escondido, certeiro, impossível dizer não, difícil ignorar. como outras decisões ou factos da minha vida, a khalu trouxe consigo um conjunto de momentos hilariantes, ternurentos, teimosias, feitios, gostos, tendências, dificuldades. no dia em que nos conhecemos encontrámos quase instantaneamente um certo equilíbrio e entendimento taisl que, ainda que hajam marcas de unhas em portas que d. gata não gosta de ver fechadas, ou hajam protestos e dentadinhas refilando com alguma falta de atenção, o balanço tem sido muito positivo. esta kasa não seria a mesma sem a sua presença. isto é um facto.
talvez por isso, nestas últimas semanas nunca pensei que a khalu poderia não voltar a casa, ou que quando voltasse não seria ela mesma, com as suas manhas, miados, brincadeiras, refilados e mimos. ela é um mimo e mimamimamima. já em kasa há dias, mas a caminhada ainda vai ser longa até que eu a deixe em paz. agora, várias vezes por dia, tem-me "às pernas". e ela responde. e treme. e reage. e vai recuperando, ao seu ritmo. no fim de cada uma das três vezes de uma hora de atenção dedicada que recebe durante o dia, fica assim, muscularmente cansada, mas um doce, um mimo, um reconforto. depois de tudo isto, quero ver como ambas vamos fazer o desmame de tanto mimo cruzado......

agosto 28, 2009

política portuguesa vista de fora

numa análise - a meu ver - bem resumida da situação política portuguesa actual escreve Jordi Joan Baños este parágrafo:

Mención especial merecen los carteles de Ferreira Leite que jalonan las carreteras portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", reza. Pero la desolada foto en blanco y negro de la candidata, sin maquillar, podría hacer pensar a los turistas que visitan el Algarve que se trata del mensaje de una asociación de apoyo a la tercera edad o de prevención del suicidio.

agosto 23, 2009

dedilhados

o meu braço torcendo para te chegar em mimos dedilhados a verde...
[ka@Ponte de Lima_ago09]

agosto 11, 2009

"work" in progress...

[ka@maio 08]
khalu, quando tudo acabar, vou reclamar por publicidade enganosa. as tuas 24h não são iguais às minhas.... vamos! despacha-te!

agosto 03, 2009

almofadinhas


dedos brincando como leques entre teclas brancas e pretas, jogos de "apanhadas". almofadas dos dedos, esborrachadas contra as teclas, num desafio de ritmo, velocidade. e de tudo isto resultar uma mágica articulação de sons, a pressão sob a ponta dos dedos, o gozo de terminar a corrida sem atropelos e com muitos desvarios.


julho 28, 2009

novas linhas em construção, novos ares

[jul09, novo terminal do aeroporto de Dublin, em construção]

julho 14, 2009

somewhere across ireland

somewhere between dublin, rain, and galway[ka@ie, 07/09]

rain drops cristal clear brush strokes caressing the glass
unveiling images of an imagined hyperform
formless feeling volumeless idea weightless emotion
light and possibly cold
- metal over skin -
cosy and colourful: a huge spontaneous hug
warmth - thoughtfulness - presence - sharing - silence

possibly
aka
k
a
s
a

julho 09, 2009

Si se puede / Yes we can : perigosamente parecidos!

faz umas semanas passou Our Brand is Crisis, de Rachel Boynton, no Gato Vadio, e infelizmente, pelo tardio da hora, não houve energia e disponibilidade para o colocar a debate.



é inquietante ver a execução prática de todas as teorias manipulativas de opinião pública (política) que normalmente apenas se imagina existirem. ali, estranhamente a crú e de forma assumida, documenta-se o trabalho de uma equipa de estrategas americanos da empresa Greenberg Carville Shrum que consegue levar, em 2002, à Presidência da Bolívia o candidato Gonzalo Sanchez de Lozada, conhecido como Goni, saltando no último "minuto" de um 3º lugar para a vitória. trabalho longo, árduo e muito bem conseguido pelos americanos que assim cumpriram o seu papel. no fim, toda a encenação e planeamento não se extendiam às verdadeiras capacidades de liderança do presidente: a Presidência de Goni revela-se desastrosa, tanto quanto o Documentário o mostra, e termina com nova revolução, que a seu tempo leva Evo Morales à presidência com forte apoio popular.

existem muitas questões no ar, mas constantemente relembro o slogan da campanha de Goni, e o som é-me demasiado semelhante a outro slogan bem mais recente.

si se puede

yes we can

espero sinceramente que desta vez as capacidades de liderança estejam à altura da eficiência dos estrategas (serão os mesmos? a Greenberg Carville Shrum esteve por trás das campanhas de Clinton e Kerry...) e que o desfecho traga resultados bem mais positivos. quer se goste ou não goste, a grande nação americana influencia os destinos políticos e económicos deste planeta...

junho 27, 2009

da terra*, com gosto!

[* restaurante vegetariano em Matosinhos City]

um espaço acolherdor, algo minimalista, a oferecer sabores variados servidos em modelo de "buffet".



pontos fortes:
- pratos frios a desafiar o paladar e a sugerir novas combinações (salada de rucola com figos frescos, espetadas de seitan e batata doce, ...)
- o bolo de bolacha (há quanto tempo não punha a colher num bolo de bolacha tão bom!)

menos positivo, apenas o embate inicial de um espaço que merecia um pouco mais de ventilação.

logo ali ao dobrar da esquina!

junho 21, 2009

alentejo e caramelos

Com o calor, revivem-se as sensações do Verão Alentejano.
Boa altura para recordar um excelente filme de animação (ver trailer de 1min! - clicar na imagem)

junho 14, 2009

corrente de ar fresco num imaginado quente feriado de Agosto

[Pranzo di Ferragosto, Gianni Di Gregorio, 2008]

cinema à minha medida: actores ao natural - serão mesmo actores? - ambientes reais, boa disposição, uma perspectiva optimista do tudo-se-resolverá, e um fundo sonoro de traços tradicionais aventurando-se por um jazz-folk ligeiro, perfeito, de Ratchev & Carratello.

O Almoço de 15 de Agosto tem ingredientes para reflectir. O gosto pela Culinária simples, mas saborosa, o vinho branco a aligeirar o espírito, o papel das velhas senhoras na vida familiar, a recusa do envelhecimento -mental?- e a busca tardia do divertimento, a cumplicidade, a matreirisse, o gosto pelo cuidado do corpo, a exuberância, a psicologia no regresso à infância da velhice...

é tarde para recomendar, porque já quase toda a gente viu.


ps: aos senhores da empresa de legendagem Sub-Ti, recomenda-se a leitura de "Os três Mosqueteiros" de Alexandre Dumas, com a esperança de que descubram que afinal Dartacão não era um Cão, mas Homem, não cão feito homem, mas Homem feito Conde, e de nome Conde d'Artagnan... raciocício tortuoso e propositado.

maio 30, 2009

quem me dera poder gritar assim no trabalho...






... com tamanha concentração, eficiência e prazer.... aaiiii!

a notícia saiu a 29 de maio no dn. gritos à parte, temos tenista!

maio 11, 2009

koyaanisqatsi [Godfrey Reggio]

ko.yaa.nis.qatsi (da língua dos índios Hopi),
n. 1. vida louca.
2. vida tumultuosa.
3. vida em desintegração.
4. vida desequilibrada.
5. um estado de existência que exige outro modo de viver.

o filme, do americano Godfrey Reggio, foi produzido entre os anos de 1975 e 1982, e é o primeiro da trilogia QATSI. flui de ambientes naturais quase intocados pelo homem, de belas imagens fotográficas, numa dança constante e imponente ao ritmo complexo da natureza, para o caos da vida urbana, das rotinas, da industrialização. pela abordagem, tem o seu toque de visionário para as reflexões ambientalistas do século XXI e toca com todo o mérito o visionário sociológico que foi Fritz Lang com o seu Metrópolis. acima de tudo, um bom ponto de partida para reflexão, com a envolvência da banda sonora de Philip Glass.

a oportunidade para ver esta preciosidade foi lançada pelo (sempre) desafiante gato vadio. a ver se por lá se verá o resto da trilogia...

entretanto ficam as profecias Hopi relembradas no filme:
- se escavarmos coisas preciosas da terra, chamaremos o desastre.
- perto do dia da Purificação, haverá teias de aranha prolongando-se de um lado ao outro do céu
- um recipiente de cinzas poderá um dia cair do céu e poderá queimar a terra e agitar os oceanos
[www.koyaanisqatsi.org]





maio 07, 2009

Henrique Pousão

26 Março - 28 de Junho /2009
Museu
Nacional Soares dos Reis

“Esperando o Sucesso” - O Impasse Académico
e o Modernismo de Henrique Pousão

“Esperando o Sucesso” Henrique Pousão 1882
Pintura a óleo s/ Tela 131,5 x 83,5 cm

abril 30, 2009

gata sudoka

se os gatos domésticos escolhem os seus donos tornando-se imediatamente donos dos donos, se herdam ou mimetizam ou têm à partida as mesmas características dos seus anfitriões, se têm ainda a capacidade e/ou virtude de proteger e guardar o espaço por ambos ocupado, se se se...
... então... está justificada a razão que levou a que o sudoku - que me tem acompanhado pelos cantos da casa em tentativas bem sucedidas de esquecer a pilha de pontas soltas para resolver na cabeça e na secretária - tenha aparecido misteriosamente num canto obscuro da casa, no chão: a khalu esteve a tentar dar-me uma mão para resolver o difícil problema do momento. mostrou-me um 6 que desvendou a quase totalidade dos espaços até então indefinidos.

moral da história: tenho uma gata sudoka.

abril 20, 2009

ideias soltas sobre a perda... e outros devaneios

desafio à memória... reavivar de laços... sentimento de saudade... histórias de infância... aprender a ausência... a morte só é dura para os vivos... preencher o vazio... reconquistar espaço... a morte, dura, inclemente, quando se instala através de longa doença, quando o corpo teima em resistir, de tão agarrado ao mundo que se prepara para deixar.

mês de perdas... e o tempo que se escôa velozmente pelos dedos. os nervos à flor da pele. irritação latente. o trabalho, pequenas tormentas constantes sempre a remoer a paciência, até à exaustão. ausência. valorizar pequenos prazeres. identificar pequenos alertas. pequenas insónias. curtas mensagens por enviar.

[20/3 e 20/4]

março 31, 2009

our daily bread [N. Geyrhralterm]

AVISO
esta kasca poderá
ferir susceptibilidades

[clicar na imagem para webpage do projecto]

passou recentemente na RTP2, tarde e a boas horas, o documentário de Nikolaus Geyrhralterm Our Daily Bread (O Nosso Ganha-Pão). um documentário para alimentar discussão. filmado como observador anónimo de uma série de processos industrias de produção de alimento, quer animal quer vegetal, mostra uma realidade que deve ser desconhecida à maioria das pessoas. eu não conhecia, embora já me tivessem descrito algumas das "técnicas" aqui filmadas. não há locução, não há mensagem verbalizada. apenas essa viagem silenciosa, a dar espaço para a reacção/interpretação pelo observador.

não quero sugerir a visualização do documentário como uma apologia do vegetarianismo. seria demasiado reducionista. o planeta tem um número suficiente de habitantes para justificar a necessidade destes processos industriais de produção. mas o tratamento dos animais de forma tão insensível não me deixa nada indiferente. e há tanto excesso e desperdício, e vê-se com tanta frequência a desvalorização do produto acabado...
Ficha Técnica: Duração: 92M Realização: Nikolaus Geyrhralterm



março 17, 2009

[Manuel Alvess]


Manuel Alvess deixou-nos. chegou-me a notícia por telefone.
[notícia no Expresso]

por aqui deixei registadas as minhas impressões e um pouco do
sentimento e surpresa suscitados em Serralves. recupero agora mais
três imagens dessa exposição. este belo instrumento, já antes mencionado,
uma régua de escala customizada, e estes dois jarros metafísicos.
fico a imaginar Alvess por detrás de um espelho a descobrir outras
dimensões nas realidade do quotidiano, essas que se nos escapam
por entre a pressa dos dias, por entre os dedos.


[ka08@serralves, Propreté de Paris, 1997-2007]


[ka08@serralves / esq: Ecrou papillon nº3, 1969-90; dir: De la rivalité mimétique et du meurtre fondateur, 2007]



março 07, 2009

noticiado na TVI, hoje

[aqui] Polémica no Brasil

igreja católica excomunga menor de 9 anos por abortar de gémeos.

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não sei o que é mais polémico nesta história, tão bem sumarizada nesta frase de rodapé:
- uma menor engravidar com 9 anos?
- uma menor passar por um aborto com 9 anos?
- a igreja católica excomungar uma menor?
- a igreja católica ser cega à realidade de uma menor de 9 anos?
- a obsessão da igreja católica com o aborto?

e o que não está no rodapé:
- que a menor ficou grávida vítima de violação
- que o violador da menor era o seu padrasto
- que a menor era abusada pelo padrasto desde os 6 anos ...
- que a igreja católica parece ser indiferente a tudo isto...

que diferença me faria se, fosse eu menor de 9 anos, fosse excomungada pela igreja católica? que raio de Deus se preocupa mais com o acto de abortar, do que com a integridade física, psicológica, emocional, de uma menor, miúda, de 9 anos, sua pressuposta seguidora? qual o significado, nos dias que correm, da excomungação? não há causas "melhores" para a igreja católica investir as suas energias?

a Polémica, sr. jornalista, não está no Brasil. a polémica devia intitular-se: Excomunhão Polémica!


só por curiosidade, amanhã, dia 8, é dia da Mulher. portanto,
também é dia dessa menor de 9 anos, excomungada pela igreja católica por abortar de gémeos...



março 04, 2009

café da manhã...

(passe a publicidade, pacotes de açucar distribuídos pela Torrié)

... acompanhado de mensagens subliminares:

março 03, 2009

paella




ingredientes:

-400g carne de porco
-800g frango
-1dl azeite
-100g bacon
-100g chouriço
-1 cebola
-2 dentes de alho
-1 folha de louro
-100g camarão c/cabeça, descascado
-300g mexilhão
-100g ervilhas
-300g arroz
-6dl de água
-1 cubo caldo galinha
-sal, pimenta e açafrão qb






preparação:

- alourar os pedaços de frango e porco no azeite, com um pouco de sal e pimenta. depois adicionar cebola e alho picados e a folha de louro. quando a cebola ficar transparente, adicionar o camarão e o mexilhão. em seguida adicionar ervilhas e o arroz, dar-lhes calor envolvendo a mistura com cuidado para não pegar. açafrão a gosto. deitar o caldo de galinha, envolver.
- aquecer o forno a cerca de 200ºC.
- quando o caldo ferver na paellera, mudá-la para o forno, onde deverá ficar cerca de 15min, até o líquido evaporar.

a imagem final não fica aqui, para surpresa da magnífica iguaria que sairá do forno...

fevereiro 26, 2009

transcendências

há cidades que nos acolhem e re-acolhem a cada regresso. locais onde se volta sem de lá ter saído. ruas onde o cérebro comuta automaticamente para o sentido correcto dos passos. gestos apreendidos, rostos que se reconhecem mesmo sem palavras trocadas. fica sempre a sensação de agenda não-cumprida, coisas adiadas para a próxima visita. desta vez, além trabalho, do wet-british-kentish weather, do frio e do aconchego, Canterbury foi a solenidade do serviço religioso Evensong, com o cair da noite, na nave central da Catedral da Cantuária. Brutal!

não se descreve a madeira a reverberar sob os pés em consonância com os sons do orgão de tubos que, de tão graves, eram quase imperceptíveis ao ouvido; o corpo envolvido pelos sons sussurados de uma cadência plagal cantada a quatro ou mais vozes pelo coro da catedral, terminando um dos hinos do serviço religioso, espalhando-se pelas arcadas, naves, pelo espaço solene tão majestosamente pensado por comuns mortais; não se explica o arrepio. de olhos fechados ou abertos, mostras do génio humano transcendido a penetrar-nos o corpo/alma. chame-se a tudo isto obra de inspiração divina. eu contraponho a ideia de Homem auto-divinizado. por uma segunda vez, brutal.

[ka@canterbury,uk_09]

suspiro de noz*

as nozes de Trás-os-Montes têm monopolizado as minhas refeições matinais.
diz o anúncio: o que é nacional é bom!
e são mesmo. recomendam-se!

o resto dos dias tem sido uma correria.
nem tempo para vir aqui deitar umas kascas...



* que bela ideia de sobremesa...

fevereiro 18, 2009

a propósito de palavras (algumas difíceis), a propósito de O'Neill



Animais Doentes

Animais doentes as palavras
Também elas
Vespas formigas cabras
De trote difícil e miúdo
Gafanhotos alerta
Pombas vomitadas pelo azul
Bichos-de-conta bichos que fazem de conta
Pequeníssimas pulgas uma sílaba só
Lagartos melancólicos
Estúpidas galinhas corriqueiras
Tudo tão doente tão difícil
De manejar de lançar de provocar
De reunir
De fazer viver

Ou então as orgulhosas
Palavras raras
Plumas de cores incandescentes
Altos gritos no aviário
E o branco sem uso
Imaculado
De certas aves da solidão

Para dizer
Queria palavras tão reais como chamas
E tão precárias
Palavras que vivessem só o tempo de dizer a sua parte
No discurso de fogo
Logo extintas na combustão das próximas
Palavras que não esperassem
Em sal ou em diamante
O minuto ridículo precioso raro
De sangrar a luz a gota de veneno
Cativa das entranhas ociosas.

[Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca]



["O'Neill à Mesa - 15/2, Gato Vadio - Porto", Marita Ferreira]

fevereiro 11, 2009

boa forma de começar o dia*...

*... ainda que o dia tenha sido ontem!
[de curto email inesperado e simpático]

janeiro 31, 2009

Safety [Lúcia David]

que faz uma lâmina de barbear dentro de uma caixa de metal de bolachas maria, na companhia de um pequeno urso, caixa com uma pequena janela para uma máquina de calcular electrónica?...


Safety, Lúcia David (2008)
[urso, caixa bolacha maria, lâmina, foto máquina de calcular]



era uma vez uma menina, diziam-na rufia, por passar os seus dias, silenciosa, a brincar pelos quintais. o seu brinquedo preferido era um pequeno urso de peluche que uma tia, também dita rufia por estar sempre meio ausente, lhe oferecera numa das suas aparições relâmpago. a menina sabia que as tardes pelo quintal estavam a chegar ao fim. a escola estava prestes a começar, e com ela as responsabilidades dos trabalhos de casa, o fim das brincadeiras. para marcar o evento decidiu-se por um lanche com o seu amigo urso - o colargol. sorrateiramente levou a caixa de bolachas-maria escondidas no fundo da prateleira da despensa, agarrou no seu porquinho mealheiro, um molho de revistas - dá sempre jeito ter papel por perto... já em plena clareira apercebeu-se que com a caixa das bolachas vinha agarrada um conjunto de recargas das lâminas de barbear do seu pai. a cada bolacha partilhada com colargol a menina entretinha-se a fazer as revistas em farripas! cortes precisos, intencionais, outros ladeando as lindas figuras de manequim em pose, ou então de outros pequenos objectos. arranjava novos amigos para o colargol. quando as bolachas se acabaram, à mesa já estava sentada uma grande família de barbies, tuchas, barriguitas e afins, parecia um autêntico batalhão feminista, munido de um interessante conjunto de ferramentas laminadas pela gillete nas revistas: faqueiros, jogos de toalhas, conjuntos completos de maquillage, perfumes, canetas e adereços, viaturas e máquinas de calcular. Tudo e todas prontos para lutar pelos direitos da sua anfitriã! quando tocou a sineta do “monte” a pequena percebeu que não lhe restava muito tempo. o reencontro com as tardes do quintal teria de esperar meses, talvez anos. efectivamente, ao fim de uns bons anos a lata foi desenterrada entre raízes de uma azinheira. Foi no dia em que a pequena, agora crescida, sentiu o desamparo da perda e foi impelida a reconquistar a segurança desses tempos de criança. lá dentro apenas o cheiro ligeiramente bafiento de terra e bolachas maria, um urso de peluche sorridente, a foto de catálogo da máquina de calcular que ainda hoje usa na sua secretária de trabalho. e uma lâmina. a segurança de saber que poderia terminar quando assim o entendesse. ainda não era esse o momento. encostou-se à azinheira, com o urso colargol no seu colo, ambos contemplando o fim de dia a queimar a linha do horizonte. [ka@ago08]



janeiro 27, 2009

e.e. cummings, revisitado




somewhere i have never traveled,gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will enclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skillfully,mysteriously)her first rose

or if your wish be to close me,i and
my life will shut very beautifully,suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility:whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody,not even the rain,has such small hands

e.e. cummings
... de W [ViVa] (1931)

[ viii, em xix poemas, Assírio e Alvim]

janeiro 23, 2009

porto de aconchego


[ka@castelo de queijo&rua do almada_jan09]

janeiro 21, 2009

Há, mas são VERDES...


na minha vida profissional nunca me encontrei em situação de remuneração a recibos verdes. pode dizer-se que tenho sorte. não obstante, não sou insensível à realidade que me rodeia, que contempla as gerações que me são próximas, tanto para baixo, como para cima. se dúvidas ou falta de esclarecimento eu tinha, foram brutalmente tiradas num debate promovido pelo então recém formado FERVE - Fartos dEstes Recibos VErdes. com testemunhos a abarcar funcionários de Estado, pois claro..., pagos a Recibos Verdes. 

é-me claro que as gerações mais novas encontram-se em condições de vínculo laboral muito precárias. pessoas que se esfalfam durante as 24h do dia para chegar ao fim do mês e conseguir pagar as contas. tempo? só para sobreviver?! há aqui qualquer coisa de profundamente errado...

assim, vou fazendo o que posso para tentar fomentar alguma mudança.

está aberta a recolha de assinaturas para a petição Há... mas são verdes! 
vamos lá forçar a discussão e as mudanças... AssinemoS!


da petição:

(...) O recibo verde tem servido quase exclusivamente para a contratação de trabalhadores efectivos por períodos superiores a um ano que a qualquer momento podem ser dispensados sem qualquer tipo de protecção social.

Existe no nosso país um milhão de portugueses que para trabalhar abdicou de subsidio de férias, de subsidio de Natal, de assistência na doença, que vive sem perspectiva de reforma.

Acresce a esta realidade o facto de nunca ter existido na nossa História uma geração tão qualificada. Nunca existiram em Portugal tantos licenciados, tantos pós graduados, tantos mestres, tantos doutorados.

A ausência de condições mínimas de protecção social inerente ao regime de contrato de prestação de serviços origina, de forma inevitável, a emancipação tardia da Juventude Portuguesa, colocando-a assim de forma continuada sob a dependência dos seus familiares.

Os signatários consideram que a utilização abusiva e desvirtuada do recibo verde , promoveu uma realidade injusta. Num mesmo mercado de emprego, existe quem trabalhe com estabilidade e usufrua de protecção social por uma vida, por outro lado, existe quem trabalhe todos os meses, sem direitos sociais, com um horizonte que termina no dia 28 de cada mês. (...)

janeiro 20, 2009

tropeção num piano embriagado

nao sei o que mais me fascina neste vídeo... à procura de outro, tropeço nele. 32 anos de distância obrigam a um certo revivalismo estético e social, mas, note-se, o modelo talk show não é assim tão diferente dos actuais, talvez até mais "fresco". a vestimenta de época tem o seu correspondente nos tempos que correm, ainda que com cores um pouco mais populares. o humor de tom waits tão espontâneo... mesmo que tudo o resto, fumar, beber, extorquir dinheiro seja uma mera encenação... e the piano has been drinking não é a melhor música para ser tocada num talk show. é música para bar intimista, em fim de noite, quando a melancolia se instala e o álcool fermenta as ausências e as recordações. música para recordar tempos de bairro alto. mas ainda assim, tom waits, não resisto partilhar este momento, à distância de 32 anos (quando eu ainda brincava com madeiras...) 

so real

janeiro 16, 2009

A Orfã

[Café Lusitano, Porto, produção Teatro Aramá]

Texto e Encenação: Tó Maia
Direcção de Actores: Nuno Simões
Música Original: Cristina Bacelar

Espectáculo de Café- Teatro
em 4 capítulos, 1 em cada 4ª feira de Janeiro (09)


O espectáculo recria, num tom satírico, o universo "telenovelesco" afrontado em clichés: o protótipo das suas personagens, os seus intermináveis conflitos e encravadas soluções, as suas gordas tristezas e magras alegrias... servirá grandes doses de sentimentalismo até ao enjoo... Basta. Haja quem ria...
[do flyer de divulgação]



acaso

caminhavas na minha direcção. eu conduzia no sentido oposto ao teu destino. impossível não notar-te. passada pensativa, o peso dos ombros, projectando a linha de braços a terminar nos bolsos, impulsionando o movimento. o cachecol, escuro, curtindo o ritmo da caminhada, o reflexo dos teus olhos reservado ao pavimento. quatro segundos depois um reflexo no espelho, enquanto conduzia no sentido oposto ao teu destino.


janeiro 15, 2009

Mercador de Veneza

[Shakespeare, TNSJ, até 18/Jan]


tradução:Daniel Jonas
versão cénica: Ricardo Pais,
Daniel Jonas
encenação: Ricardo Pais

o Mercador de Veneza, produção do Teatro Nacional S. João, está em reposição e é para não perder. pela qualidade do trabalho desenvolvido por todo o elenco e produção, pelas temáticas abordadas, e até de certa forma pelo momento que se vive actualmente na faixa de Gaza e o respectivo e histórico confronto de culturas, costumes e estereótipos.

visualmente, a encenação funciona muito bem: minimalista nos elementos em palco, elegante no figurino e na luz. as vozes, um problema particular: a produção optou pela utilização de microfones, o que pode justificar-se pela dimensão da sala, mas que baralha completamente a percepção do espaço e da localização dos personagens, sensação agravada por muitas das cenas serem projectadas para o fundo do palco e não termos acesso ao rosto dos actores.

uma questão, que terá eventualmente resposta quando me cruzar com o texto original, prende-se com a segunda parte da peça: a história vista e vivida de Belmonte, complemento à primeira parte, localizada em Veneza. na segunda parte houve uma quebra de ritmo, nalguns momentos atenuada por efeitos visualmente mesmerizantes. a opção de interpretação da revelação do papel de Pórcia e Nerissa no desfecho do drama central pareceu-me demasiado dramática para o que senti que o momento pedia, o momento da vitória da argúcia feminina.

não perder!

[do caderno de sala,TNSJ]

janeiro 08, 2009

what i find i can keep...


[This Moment, Melissa Etheridge]

janeiro 05, 2009

Juan Muñoz: uma retrospectiva

[Serralves, até 24 de Fevereiro 09]

ironia ternurenta nos sorrisos das figuras humanas de Juan Muñoz...

quem poderia alguma vez sorrir tendo o seu corpo suspenso pela língua, girando no espaço num bailado harmonioso com o seu par? que ajuntamento humano e tão uniforme pode suscitar tantos sorrisos? que mão será dilacerada ao procurar apoio no corrimão onde, dissimulada, uma lâmina reluzente a espera? ... ... ...
ouvem-se histórias sussurradas pelo espaço, a despoletar contentamento, tensão, comoção, e até ternura.

prenderam-me os olhos:



Hotel Declerq I/II (1986)
Back Drawing (1992)



Stuttering Piece (1993)"wha... wha... what did you say? I didn´t say anything. you never say an... anything anything, but you keep coming, you keep coming back to it"


Shadow and Mouth (1996)Conversation Piece (1996)



The Crossoroads Cabinets (1999)

janeiro 02, 2009

Palestina, política e religião [#3]

Karen Armstrong é uma autoridade internacional em estudos comparativos sobre religiões. ganhou um TED prize, em 2008. [TED - ideas worth spreading]. é uma mulher de pesquisa profunda. vai à raiz dos temas. conhece bem o contexto religioso no conflito israelo-palestiniano. a sua motivação é de abrangência global.

é latente e pertinente a abertura à sua mensagem.

deixo aqui o vídeo e um pequeno excerto escrito da palestra proferida no TED. um desejo para 2009? que o maior número de pessoas possa ouvir esta palestra até ao fim, e que pense um pouco sobre ela.

citação de Karen Armstrong para os significados primitivos de algumas palavras:
Believe – to love, to prize, to hold dear
Credo – I commit myself




O excerto:

Religion, is about behaving differently (…)
Compassion, the ability to feel with the other.

Compassion (…) is not only the test of religiosity. It is also what will bring us to the presence of what Christians and Muslims call God, or the Divine. It is Compassion, says Buda, that brings you to Nirvana. (…) And in particular, every single one of the major world traditions has highlighted, has put at the core of their tradition, what’s become known as The Golden Rule: first propound by Confucius five centuries before Christ, do not do to others what you would not like them to do to you.
(…)
There is also a great deal of religious illiteracy. All around people now acquaint religious faith with believing things. We call religious people often believers as though that is the main thing that they do. And very often secondary goals get pushed into the first place in place of Compassion and The Golden Rule, because The Golden Rule is difficult!
– sometimes when I’m speaking to congregations about the Compassion, sometimes I see a mutinous expression crossing some of their faces because a lot of religious people prefer to be right rather than compassionate.


I whish that you would help with the creation, launch and propagation of a Charter for Compassion, crafted by a group of inspirational thinkers from the three Abrahamic traditions of Judaism, Christianity and Islam, and based on the fundamental principle of The Golden Rule.

We need to create a movement among all these people I meet im my travels, you probably you meet them too, who want to join up in someway and reclaim their faith, which they feel, as I say, as being hijacked.
We need to empower people to remember the Compassion ethos (…).


[página para o Alliance of Civilizations, patrocinado pelas Nações Unidas: http://www.unaoc.org/]

janeiro 01, 2009

Palestina, século XXI [#2]

mais uma referência para reflexão - as vozes da oposição à estratégia/conflito estão um pouco por todo o lado, inclusivamente dentro da própria comunidade judaica: The Origin of the Palestine-Israel Conflict, published by Jews For Justice In The Middle East [pdf acessível a partir da imagem]:

(...) As the periodic bloodshed continues in the Middle East, the search for an equitable solution must come to grips with the root cause of the conflict. The conventional wisdom is that, even if both sides are at fault, the Palestinians are irrational "terrorists" who have no point of view worth listening to. Our position, however, is that the Palestinians have a real grievance: their homeland for over a thousand years was taken, without their consent and mostly by force, during creation of the state of Israel. And all subsequent crimes - on both sides - inevitably follow from this original injustice.
This paper outlines the history of Palestine to show how this process occurred and what a moral solution to the region's problems should consist of. If you care about the people of the Middle East, Jewish and Arab, you owe it to yourself to read this account of the other side of the historical record.

(...)


As Chomsky writes in his Peace in the Middle East?, "In the American Jewish community, there is little willingness to face the fact that the Palestinian Arabs have suffered a monstrous historical injustice, whatever one may think of the competing claims. Until this is recognized, discussion of the Middle East crisis cannot even begin." In the long run, only by admitting their culpability and making amends can Israelis live with their neighbors in peace. Only then can the centuries-old Jewish tradition of being a people of high moral character be restored. And only in this way can real security, peace and justice come to this ancient land.

Palestina, século XXI [#1]

o conflito israelo-palestiniano está muito documentado na web. em contraste, é pouco divulgado através dos noticiários televisivos (mais preocupados com a carnificina do que nas questões de fundo), e na imprensa escrita os artigos parecem vir moldados de acordo com posições pré-definidas, quer por via dos colunistas, ou das fontes internacionais de onde os artigos são normalmente traduzidos. a questão é muito complexa. com ela aprendi que não me devo manifestar sobre factos cujo contexto me seja desconhecido.

faz cerca de 5 anos que fiz uma pequena pesquisa de informações sobre o conflito, em consequência da leitura (devorada) de uma graphic novel jornalística da autoria de Joe Sacco, intitulada Palestine. esbarrei com mapas da Palestina que me deixaram boquiaberta com a conivência internacional com violações sistemáticas de resoluções internacionais, à boleia de interesses sobre os quais posso apenas especular, à falta de informações concretas.

sugestão de leituras para entender um pouco melhor o contexto desta luta, são os livros de Karen Armstrong, como o A History of God: The 4,000-Year Quest of Judaism, Christianity and Islam e, na linha do conlúio internacional, a obra de Noam Chomsky, como por exemplo o primeiro capítulo do What Uncle Sam Really Wants.

ficam então os mapas, com ligações para as respectivas fontes.